quinta-feira, 17 de julho de 2008

Abertos, vamos nós! A experiência dos Jogos Regionais de 2008.


Diadema e a Segunda Divisão
Criada a Segunda Divisão nos Jogos Regionais, um erro foi corrigido. Mostrou-se a força de uma cidade que corre com os grandes da região (São Caetano do Sul, São Bernardo, Santos, Santo André, Osasco, Praia Grande, Mauá e Guarujá) mas não tem — nem de perto — o apoio esperado para se empreender uma luta tão desigual no campo esportivo. Hoje, os gastos com as modalidades de quadra (Futsal, Basquete, Handebol e Voleibol) não passam os R$ 40.000,00 anuais (na verdade, bem menos que isso, pois o orçamento previsto nunca se cumpre). Investimento que mal paga as taxas administrativas e de arbitragem das Ligas.
Os resultados expressivos conquistados nesse ano de 2008 com uma pequena delegação, colocaram Diadema na terceira colocação da Segunda Divisão dos Jogos Regionais de São Caetano do Sul. Mais um passo e nossa cidade estaria no ano que vem entre as oito maiores cidades da Região 1. Numa região competitiva como essa, estar entre as três primeiras cidades da Segunda Divisão é um mérito incomum. Ficamos atrás de Peruíbe e São Vicente. Atentemos então para o principal ponto: e se investíssemos, de fato, no Esporte? Se investíssemos tempo, se investíssemos numa estrutura mais organizada, se investíssemos em idéias criativas e fôssemos atrás delas até perdermos o fôlego de tanto corrermos atrás de possíveis cenários positivos? E se descobríssemos que um pouco do tempo perdido pudesse ser transformado em empenho para conquistar espaço nesse terreno recompensador que é o do Esporte amador?
Será que investindo mais (não só dinheiro!!!) não ajudaríamos a construir sonhos mais palpáveis e não estaríamos, de alguma forma, dando em troca um pouco do muito que “atletas esquecidos” insistem em erguer com as próprias mãos? A vitória não seria de todos se ajudássemos, no que nos compete — enquanto gestores e funcionários públicos — a arquitetar políticas públicas esportivas que diminuíssem fossos sociais?



Mais uma vez: uma proposta de política pública
Para tanto, insisto aqui em dois pontos fundamentais para a organização de políticas públicas para o Esporte Amador. O primeiro ponto que gostaria de destacar é a facilitação, na própria cidade ou em cidades adjacentes, da exigência de uma continuidade educacional para os atletas. Uma via de mão dupla uma vez que o atleta é divulgador da instituição e a ela ajuda também em suas próprias competições. Temos exemplos hoje no próprio handebol com a Unip patrocinando a equipe de São Caetano do Sul Feminina e, de outra forma, a Universidade Metodista com o handebol de São Bernardo. O outro ponto é encarar o Esporte, ele mesmo, como uma possível via de entrada no meio de trabalho. Se não primeiro ponto, o Esporte é meio para uma profissão, nesse ponto, o próprio Esporte é o fim. Ele mesmo deve ser encarado como uma profissão e, para tanto, o poder público é um arregimentador de possibilidades (patrocínios, salários, centros esportivos) e gerenciador indireto, haja vista que os custos do erário público se condensam em torno do esforço institucional para a obtenção de recursos. Essas são situações ideais. Não compete ao poder público, no meu entender, pagar salários desproporcionais a atletas de alto nível, mas, se for o caso, garantir a existência de equipes competitivas para que elas possam despertar interesses mercadológicos, só que devidamente fiscalizados e acompanhados por essa gestão indireta.
Sejamos claros. Até a categoria Sub-21, o poder público deve incentivar solidamente com amparos constantes e uma estrutura minimamente aceitável para que seja garantida a efetivação de uma das duas possibilidades: ou o atleta participa de campeonatos até uma certa idade e garante sua formação acadêmica ou (o que não elimina a primeira) segue sua vida esportiva como atleta (não mais amador) inserindo-se no mercado de trabalho por essa via. Não é essa, uma forma a mais de propiciar um futuro menos prometido e mais conseqüente?
Alternativas se colocam e devem ser propostas, mas o espírito de políticas públicas mais eqüitativas e positivas no âmbito esportivo precisa se tornar tema de debate na esfera municipal. Pois acima de tudo o atleta iniciante, amador, apaixonado, compete na cidade e depois vai para um clube. Isso de forma alguma se confunde com uma política excludente, porque o que se faz é justamente aumentar a base, aumentar a abrangência e qualidade da formação esportiva. E isso é, principalmente, função do poder público.
Esperamos que esse cenário esboçado nos Jogos Regionais desse ano, mas há muito tempo sabido por nós, possa dar a Diadema um rumo nas políticas públicas esportivas e, assim, garantir por parte de quem administra a seriedade do emprego do tempo e do gasto do erário.


Avaliando os Jogos
Mais festivo. Os Jogos Regionais desse ano tiveram como marca o equilíbrio técnico nas partidas (ainda que haja ainda alguns ajustes a serem feitos na subida e descida nos rankings), mais equipes felizes, mais podiums, mais premiações. Quadras muito bem cuidadas e de boa qualidade para a realização das partidas.
No entanto, uma cidade que não se envolveu nos Jogos. Pouca participação da população nada contagiada como o torneio. Pouca informação visual sobre os jogos fora das praças esportivas e um site que se atualizava só após a realização das partidas. Resultado: ginásios vazios até mesmo em finais de imensa importância. Uma organização fria, pouco preocupada com o espetáculo e a grandiosidade do evento, mas talvez ciente da estrutura privilegiada de que dispõe a cidade de São Caetano do Sul.
Contraste flagrante no ar dos Jogos. O ambiente festivo de um ranqueamento mais justo era obscurecido pela formal e burocratizada organização dos jogos. Tecnicamente bem executada — pelo menos aos olhos de quem vivenciou o torneio da quadra — mas aquém das mudanças para as quais as cidades haviam se preparado.
Para quem for sediar os Regionais, esperaremos, menos jogos em cada modalidade de quadra (pois as duas divisões acabaram tirando em muitas ocasiões, a formação de finais devido à separação das cidades), torneios mais rápidos (em algumas categorias ou naipes, dois ou três dias), algumas possíveis pré-classificações com a inexistência de adversários e uma ansiedade muito grande para a classificação aos Abertos.
Das duas, uma. Ou as cidades que chegaram à primeira divisão, decidem investir um pouco e tornam-se concorrentes, de fato, junto às grandes potências do Estado e da Região ou, ascendem num ano para a primeira divisão e retornam no ano seguinte para a segunda divisão. A permanência na primeira divisão da região um do Estado de São Paulo requer, sobretudo, uma visão diferente sobre o entendimento do que é o esporte amador.



Avaliando a nossa organização nos Jogos.
Um contínuo contato dos organizadores com os técnicos, o suporte dos professores que auxiliaram no dia-a-dia da ida e vinda nos deslocamentos até os locais de competição e a pontualidade do transporte contribuíram para a tranqüilidade do andamento das ocorrências. O contato fácil por telefone com o grupo que organizava nossa participação fez com que não ocorressem sobressaltos nem surpresas desagradáveis.
Além disso, os organizadores da delegação e os dirigentes estavam sempre presentes aos jogos. Notávamos, sobretudo, que a presença deles não era apenas formal, compulsória, mas vinha acompanhada de uma verdadeira torcida, própria de quem realmente se envolve e tem afinidades com o que está ocorrendo.
Além disso, houve um entendimento de que a organização Central dos Jogos quis privilegiar demais a cidade-sede, pouco se importando com a real dimensão e necessidade de outras cidades. Percebemos um acompanhamento mais próximo de nossos dirigentes junto ao Comitê Central para diminuir os possíveis erros de tabelas e as inevitáveis alterações bruscas nos locais e horários das competições. Do mais, tínhamos noções vagas do que ocorria por não estarmos mais próximos e porque não vivíamos o ambiente dos alojamentos.
Aos atletas, foi destinada uma cota diária de R$ 10,00. Quantia, ao meu ver, insuficiente não bastasse a dificuldade de fazer ser aceito o tíquete. Quem, em sã consciência, acharia que um vale refeição de dez reais alimentaria os atletas? Contando que almoço ou janta, incluindo bebida e sobremesa saía bem mais do que esse valor. Resultado, sorte do Habib’s, azar o nosso, que deixamos nossos atletas à base de esfihas por quatro ou cinco dias, afora as situações de bastante criatividade para gastar de outra forma (nutritiva, diga-se de passagem) os vales.
Não se atentou para o fato de que, envolvidos em competição rotineira como são os Jogos Regionais, os atletas gastariam bem mais com transporte do que normalmente gastam vindo treinar. Bom, os técnicos foram obrigados a arcar com essa impensada atitude, pois o transporte deslocou os atletas do local de treino para o local de competição apenas.
Além disso, não dispúnhamos de água nem de qualquer kit de primeiros socorros ou medicamentos, esparadrapos, faixas, gelo. Tudo o que se arranjava ou vinha da enfermaria do ginásio (que nem sempre estava presente) ou do que tínhamos adquirido nós mesmos.
Por último, se se optou para a delegação não alojar, o certo, talvez fosse, mesmo assim, o grupo dirigente alojar na cidade, a fim de garantir mais agilidade no contato com o Comitê Central, mais agilidade na resolução de problemas e menos demora nos deslocamentos.