quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que importa mesmo é vencer!!!

Para além das ladainhas frívolas de teorias banais... O que importa mesmo é vencer! O gosto amargo da derrota encontra tantas outras justificativas que beneficiam paralisias sistêmicas e perpetuam a constante falta de atenção para com o Esporte. Sempre fui contra quem perde e culpa a hegemonia do adversário: dupla incompetência. A de não assumir os erros e a de tirar o mérito de quem venceu. O único problema disso tudo é que se acaba, na imensa maioria das vezes,  responsabilizando quem menos deveria levar a má fama. A falta de subsídios, de acompanhamento, de condições de trabalho, de dinheiro, de organização, são os principais problemas, reiterados por insistentes fórmulas que alimentam o círculo de manutenção dos mesmos dirigentes e das mesmas ideias.
Não tem como fugir. A marca mais visível de uma competência - numa sociedade que sempre valorizou o melhor - é a vitória incontestável perante seu adversário mais forte. E isso tem seu lado bonito se não for absolutizado. Explico melhor... É no cotidiano dos embates, das disputas, que essa competência se testa, se reafirma, se renova, se recicla...
No domínio temporário, fugaz, sempre oscilante, está a força de um querer mais. De um querer modificar-se, melhorar, sobrepujar. O meu melhor já não me basta quando ele encontra-se confrontado de igual para igual com os conhecimentos e chances que meus adversários possuem. Sair dessa situação incômoda, impele-me a buscar novas saídas, inovar, conhecer mais.

Sinal de falência de uma modalidade é verificar que essa oscilação, essa alternância deixa de existir. Aí, o Esporte morre. Aí, toda disputa vira encenação de algo que não se consegue criar naturalmente. O terreno se abre às famosas e constantes armações, às proteções inconsequentes de títulos que se conquistam às custas de uma competitividade questionável. 

Hoje, no handebol paulista (e, por extensão, no handebol nacional), o campeonato se faz com duas equipes mais equilibradas e um punhado de outras tantas equipes que se marginalizam na competição. Ser campeão nessas condições é muito cômodo para quem ganha. No entanto, é péssimo para a modalidade que se vê encapsulada e remetida a uma falsa disputa. Infelizmente, para nós, ganhar, nesse sentido é também perder...
A título de curiosidade, façamos a seguinte indagação. Quem garante, apesar da onda de títulos recentes, que o próximo campeão mundial ou olímpico será, novamente, a França? Em contrapartida, quem deixaria de apostar que, muito provavelmente, o próximo campeão da Liga Nacional Masculino será o Pinheiros? Ou, ainda, com alguma chance de erro, a Metodista? Sinais sérios, ao meu ver, de uma falência que precisa ser diagnosticada com mais precisão e sanada o quanto antes, para o bem de todos que praticam handebol.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Recomeçando...

A gente vai crescendo e ouvindo repetidas vezes que o ano só começa depois do Carnaval... E daí, sem saber direito, a gente também ajuda a ir reforçando a falsa ideia de que brasileiro não trabalha, não se esforça, não merece o (pouco, quase nada) que ganha. Mentira deslavada! Acordo cedo. Não mais do que a maioria dos brasileiros. Vejo metrôs lotados, ônibus apinhados de um povo trabalhador e pronto para honrar esse parco salário. O dia nem clareia e o ritmo louco já se faz notar pelos empurrões, pelo trânsito caótico, pelas filas. O rápido e frio cumprimento nos coloca na esteira da seriedade do mundo do trabalho.

Assim me vi, logo em janeiro, quando motivado pela notícia tão aguardada de que uma possível entrada na Federação Paulista de Handebol concretizara-se finalmente. Férias pela metade, ânimo redobrado. Lá estávamos nos, eu o Marcos, prontos para um ano que tem dividido notícias boas com outras nem tanto assim. Uma vontade enorme contraposta a uma lista maior ainda de empecilhos. Nossa única garantia para o início do trabalho era o chamariz para a disputa de um campeonato oficial. Sem auxílio para o transporte, sem ajuda de custo, sem fisioterapeuta, sem quadra oficial, sem tradição, vimos murcharem algumas das expectativas iniciais. Restaram-nos alguns poucos obstinados garotos movidos por uma vontade oscilante, pelas dúvidas de tomada de decisão quanto aos horários de trabalho, estágios, cursos e... o handebol.

Um pequeno grupo vem tomando forma. Alguns dos garotos e muitas das garotas puderam ter a oportunidade de adentrar num (ainda) restrito grupo de privilegiados jogadores de handebol. A chance que não viria em outros clubes, foi dada por Diadema. Um pequeno passo num imenso terreno a ser desbravado, enfrentado e vencido. Um desafio que se anuncia, que se abre: tornar inexperientes e improváveis jogadores em atletas apaixonados pelo que fazem. Formar uma equipe a partir das brechas deixadas por uma modalidade acostumada a ser o palco de uma elite ensimesmada.

Fico com saudade dos atletas que por aqui passaram e fazem me orgulhar de um trabalho movido pela dedicação, pelo prazer, mas também por um suor desgastante e sofrido. Eles são, de verdade, minha maior inspiração. O caminho foi aberto por tantos atletas que sempre quiseram estar com a gente mas tiveram que buscar em outros clubes os meios de extravasar essa vontade de jogar, de fazer diferença, de se superar.



Choro, raiva, desilusão, desânimo, angústia são alguns dos sentimentos que irão acompanhar a trajetória de quem inicia um caminho difícil e precisa amadurecer ainda mais rápido do que seria esperado.  E, nesse meio tempo, talvez alguns descubram que maior que a cobrança dos técnicos, o insuportável mesmo é a cobrança que vem de dentro de nós mesmos. Nesse momento, então, quando isso de fato ocorrer, no começo ou em qualquer outro ponto dessa trajetória, possa-se descobrir que tenha sido marcado o gol mais importante. É o momento em que descobrimos o sentido da palavra superação, da palavra talento, da palavra paixão. Alguns poucos treinos com todo mundo... 


O grupo foi tomando consciência de que nada se consegue sem esforço, sem dedicação, sem empenho constante. Muitas vezes, sem dinheiro. Andando alguns quilômetros até chegar no treino. Acordando no dia seguinte, ainda com o corpo dolorido e a cabeça cheia das broncas merecidas ou injustas. As derrotas no São Caetano Cup, fizeram-nos acordar para a realidade dura. Os Jogos da Juventude, nesse sentido, vieram num progresso, servindo para dar mais cara de grupo e ajudando a reforçar amizades que se tornarão presentes por muitos anos ainda. 


Muitas dessas amizades permanecerão por um período bem maior do que o do tempo de quadra. E o que foi vivido, descobrir-se-á único, verdadeiro, intenso e reconfortante. Tão reconfortante quanto aquele final de treino que nos consumiu a derradeira força, que nos fez buscar lá no fundo do peito o último ar. Tão reconfortante quanto aquele elogio que ninguém fez, mas que conseguiu sair de dentro da gente mesmo e nos amparou no sonho de buscarmos algo que, em princípio se mostrava inalcançável. 


Assim, reiniciamos. E não é dessa forma mesmo que se começa? Puxando outros tantos com a gente, servindo de exemplo e dando oportunidade?