terça-feira, 30 de junho de 2009

Atacar e defender: Diadema 44 x 24 Biologia USP




Não tem aquela máxima que diz que o ataque é a melhor defesa? Pois, é. No handebol, acho que essa máxima não se aplica de jeito nenhum, nem contra equipes teoricamente mais fracas. E quando digo não se aplica, quero dizer que atacar simplesmente por atacar, acreditando que esse aspecto do jogo é o único a ser levando em consideração acaba não deixando no ar aquela sensação revigorante que se tem após as partidas bem jogadas.


É claro que se levarmos em conta a velocidade que o jogo tem tomado e as alterações recentes de regra, facilitadoras da reposição rápida da bola em jogo, poderemos entender que, numa situação muito bem treinada contra uma equipe inexperiente, o gol tomado se reverte num gol a nosso favor através da chamada “saída rápida”. Mas não é isso apenas que garante a vitória e, mais do que isso, essa dita sensação recompensadora por ter feito o máximo possível e por ter desenvolvido um bom handebol. É a defesa, a aplicação dos fundamentos defensivos com inteligência e vontade que fazem a diferença num jogo em que se pretende mais solidez e mais plasticidade, mais dinamicidade na continuidade das ações que se seguem à roubada de bola, à defesa e às antecipações propiciadoras da quebra do ritmo do ataque adversário. A partir de uma defesa bem estruturada se organizam os contra-ataques, cada vez mais necessários no contexto do handebol moderno; a partir de ações defensivas coordenadas se facilita a ação do goleiro; combinando ações de auxílio defensivo e troca, permite-se a mais adequada marcação frente às ações do ataque adversário; utilizando de forma consistente as diversas opções de defesa em zona e individual, garante-se a superioridade que permite uma ação mais coletiva.
Atacar bem é, de alguma forma, saber se portar diante de uma defesa, produzindo ações que produzam os espaços necessários aos arremessos. Atacar é o que faz o handebol visualmente ser o espetáculo que tanto encanta seus praticantes e o público cada vez maior. Mas por isso mesmo. Por mostrar tantos gols, por empolgar com seqüências de movimentações que fascinam os espectadores que, no mínimo detalhe, uma roubada de bola, uma antecipação propiciadora de um contra-ataque, fazem também nossa atenção se voltar pela forma envolvente com que a defesa trabalha e se esforça para impedir a conclusão dos arremessos adversários ou vai conduzindo o ataque para cair nas suas armadilhas e estratégias.



Num dos cursos que fiz, o Washington Nunes dizia que é preciso fazer com que os jogadores se divirtam ao estar em exercícios que solicitem as qualidades de defensor. E ele tem razão. Um bom defensor é aquele que se sente motivado o tempo todo e se aplica ao máximo na interpretação das ações do ataque. Defender é um ato constante de interpretar, prever e reagir corretamente às ações de ataque. Não há treinador que dispense um bom defensor, mesmo que ele não seja tão eficiente no ataque, uma vez que as trocas constantes no handebol permitem essas opções táticas sempre que solicitadas no jogo, mesmo ainda com toda a velocidade de reposição criada a partir das mudanças de regras. Ou seja, um bom defensor é peça útil demais e objeto de treinamento exaustivo.

domingo, 31 de maio de 2009

Aprendendo com as irresponsabilidades: Diadema 28 x 26 Tordesilhas


Nunca podemos entrar em quadra predizendo resultados ou confiantes demais em atuações. Incrível como acabamos nivelando os jogos que fazemos pelo desempenho de quem está pior. Conseguimos errar seguidas vezes, decidindo equivocadamente e precipitando demais nos momentos do arremesso. Talvez, a principal falha tenha sido uma falta de seriedade em cima da marcação dos jogadores que estavam mais decidindo o jogo. Se é verdade que a defesa acabou se posicionando bem no centro, é também verdade que nossos marcadores exteriores não conseguiram antecipar a atuação do Márcio nos arremessos da ponta esquerda. Seguidos erros: desatenção e posicionamento defensivo muito reativo e negligente.
Um jogo que deveria ter sido fácil e ter favorecido um saldo de gols melhor, acabou por ser marcado por oscilações constantes de nossos jogadores que arremessavam de forma displicente algumas vezes e, outras, impacientemente. Quando se tem na cabeça que um jogo se resolve sozinho, fica-se sujeito às ações demasiado descoladas da realidade dos treinos.
Ainda há o fato de que os erros repetidos acabaram, principalmente com a eficiência do nosso pivô, o Pereira, que não conseguiu repetir a excelente atuação do jogo contra o Pinheiros. Foram mais de quatro invasões e alguns arremessos mal calculados. Nossos goleiros não fizeram boas atuações e os lançamentos tão pedidos e enfatizados nos treinos ou eram frustrados por cálculo errado na trajetória, ou porque nossos atacantes não recebiam direito, ou, ainda, porque havia indefinição na trajetória assumida pelos pontas e armadores laterais, o que fazia com que nossos goleiros frustrassem possíveis outros lançamentos.
A defesa 5:1 começa a ganhar uma consistência boa na zona central, mas fica carecendo justamente de uma maior cobertura dos marcadores exteriores e da noção de ajuda defensiva dos laterais e do base. Esperava eu, no entanto, um pouco mais de antecipações. Elas não ocorreram e a defesa permaneceu muito previsível, na maior parte do seu tempo.
Ainda quero dizer que houve, por parte dos nossos atletas, um sentimento de pouco caso frente ao jogo, uma vez que ele começa sempre antes do apito inicial dos árbitros. Toda a preparação, toda concentração do pré-jogo, todo aquecimento e ativação motivacional foram esquecidos. Houve jogadores nossos chegando a menos de cinco minutos do jogo, quando havia pedido a todos que estivessem no Clube uma hora antes do início da partida. Não pudemos nem falar nada sobre o jogo e já entramos na quadra ainda sem ter completado de maneira satisfatória esse aquecimento. Imperdoável que uma equipe se porte assim. O mínimo que se pode querer de atletas, além do desempenho e da dedicação aos treinos, é o compromisso diante dos jogos e das tarefas. Espero que esse jogo tenha nos alertado quanto à responsabilidade e quanto à disciplina que precisam estar presentes também fora da quadra, mas no momento mesmo em que devemos agir como atletas.
A responsabilidade de um atleta, definitivamente, não começa com o apito do árbitro na hora do jogo... Ela começa muito antes. E que bom seria se essa responsabilidade, esse compromisso pudessem fazer parte até mesmo dos momentos em que nossa atuação não tenha nada a ver com estar dentro da quadra representando uma ou outra equipe, não é mesmo?
Ser atleta é um pouco isso também. Tornamo-nos um pouco mais completos como atletas quando essa responsabilidade e esse “ser atleta” (esse estado de espírito que tem que acompanhar cada um de nós dentro e fora da quadra) se incorporam de tal forma dentro de nós que tudo o que fazemos é capaz de gerar uma disposição tão grande e uma força tão contagiante que estar ou não na quadra transforma-se num mero detalhe, imperceptível a quem se dispõe a agir de forma sempre tão determinada e envolvente.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Diadema x E.C. Pinheiros: Ansiedade X Experiência



Diadema 24 x 26 E.C. Pinheiros
Lá fomos nós para a quadra de handebol do ECP. Quadra que me lembra muito os meus tempos de jogador do Tênis Clube Paulista. Lá pelos idos de 1987, já disputava o campeonato paulista da categoria juvenil e, compondo um grupo de garotos cooptados das escolas da região da aclimação e vila mariana, tentávamos nos aproximar das três potências da época no cenário do handebol paulista. Banespa, Sírio e Pinheiros eram as forças que revezavam os títulos ano a ano e nós do Tênis Clube representávamos, apesar dessa pouca experiência, a possibilidade de mexer um pouco com esse tripé.
De alguma forma, o jogo contra a equipe de veteranos do Pinheiros me fez rever um pouco do que havia eu mesmo passado. Alguns daqueles que estavam em quadra lá podiam até mesmo terem sido meus adversário nos anos 80. A experiência acumulada deles enfrentou a juventude de nossos garotos. Uma equipe de jogadores notáveis, ainda muito habilidosos e com arremessos potentes desferidos, principalmente pelos armadores, além de uma calculada ação de intimidamento, conseguiu frear toda a arrebatadora disposição de nossos garotos. Mais uma vez, outra lição contra a experiência. Só que, dessa vez, a vitória, realmente esteve a um passo de estar do nosso lado.
Um começo avassalador de nossa parte foi, aos poucos, sendo esfriado pela violência e truculência adversária. Nossos garotos que, acostumados com o contato, mas não com a deslealdade de alguns desses jogadores experientes, sentiram o impacto que era muito mais emocional que físico. Chegamos a abrir quatro gols de diferença. Essa diferença foi sendo perdida à medida que não soubemos dar a devida parada no ataque, calculando melhor as ações que, como havia pedido antes de começar a partida, deveria muito mais priorizar o jogo coletivo que o jogo individual, até mesmo para evitarmos choques físicos desnecessários. Nossos arremessos de fora estavam entrando bem através dos arremessos do João Pedro e de uma boa combinação com o Gaúcho na ponta esquerda que, também, estava com uma eficiência muito boa. Se no início o trabalho coletivo garantiu o placar favorável, foi essa perda de atenção de nossa parte, principalmente pelo fato de não perceberem as orientações do Japa na armação do jogo de ataque, que propiciou o empate no final do primeiro tempo. O jogo reiniciou com violência e o Luiz, já abalado pela pressão adversária, machucou-se numa queda logo no início do segundo tempo. O Pereira e o Gustavo, com todas as dificuldades que os meias adversários estavam causando, comportaram-s bem, impedindo ações de penetração e evitando as fintas, na maioria das vezes. O que foi difícil controlar foram os arremessos dos 12 metros que, por mais distantes que fossem, causaram muita dificuldade de marcação tanto pelo avançado, quanto pelos goleiros. Faltando quatro minutos para o jogo terminar e com nossos dois jogadores voltando após termos ficado com quatro em quadra, tínhamos que recuperar quatro gols. Optamos por uma ação que favorecesse a antecipação pela ação de dissuasão do Gaúcho sobre o armador central e pelos laterais, Gustavo e Pereira, projetarem-se em ações de interceptação dos passes de meia para meia. Chegamos a ficar com um gol de desvantagem e num ataque mal executado, demos a chance para o gol do Pinheiros. Quase um empate.
Não tenho o que reclamar. Apenas devo me concentrar no fato de que os treinamentos devem, de alguma forma, garantir que os jogadores nossos, sob pressão, consigam ter respostas mais eficientes, que consigam executar bem as ações de ataque e defesa, mesmo quando estão pressionados pelo placar.
Com todo o esforço do Bruninho e pensando também nos garotos mais novos, ainda me ressinto de um jogador que ocupe bem a ponta direita. A subida do João Pedro para a armação de primeira linha abriu essa brecha e os garotos que o substituíram ainda não têm conseguido mostrar a constância e eficiência que necessitamos. O Eduardo que agiu muito bem na defesa e tem ganhado, cada vez mais, a minha confiança, ainda não consegue tirar de si mesmo toda a sobriedade para desempenhar bem no jogo o que nos treinos faz de maneira aceitável. De toda forma, ainda precisamos garantir um jogo mais constante com o pivô a fim de propiciar uma fixação mais eficiente dos defensores, uma possível confusão na troca de marcação e os espaços mais apropriados a partir de bloqueios em sequência.
Diadema X PUC-SP
Ainda vejo com um pouco de distância a atuação do feminino. Essa distância se deve muito ao fato de não perceber na equipe como um todo, a disposição e a alegria de treinar que antes se tinha. Isso, confessadamente, me desanima. A seriedade tem que existir sempre; tem que fazer parte da definição de um atleta. Sem seriedade, perde-se o foco. Mesmo sem ser uma equipe como gostaríamos, o amontoado de garotas que se encontram para o jogo tem feito os placares, tem dado a Diadema as primeiras colocações da Liga. Uma equipe precisa de desafios. Talvez o maior desafio das garotas hoje seja se reconhecer como grupo, como uma equipe que joga alegre e mostrando um padrão constante. O grupo feminino é composto por garotas extremamente experientes, habilidosas. Um grupo que está acima da média das demais equipes femininas. Mas não devemos querer apenas ganhar, devemos querer melhorar, aprimorarmo-nos. Isso não vejo na equipe feminina. Ainda. Sei, no entanto, que quando precisar, elas irão encontrar as formas mais adequadas de saírem dessa situação. Não sei se esse é um problema que só eu enxergo, mas é o que tem feito, em parte, me afastar delas de um jeito que não queria.

domingo, 17 de maio de 2009

“Quem quer ser um atleta de handebol”: Diadema X Ribeirão Pires


Às vezes, pego-me pensando nas decisões que vamos tomando ao longo da vida. Decisões, em alguns momentos, determinantes dos caminhos que vamos seguir. Escolhas envolvem julgamentos sobre uma série de fatores. Alguns deles, observáveis; outros, nem tanto. Nesse sentido, sorte, acaso, destino são fatores que não podem aparecer como os principais ingredientes de uma vitória, da formação de um vencedor ou dos rumos tomados por nossas vidas. Ainda que haja situações em que nos parece muito difícil identificar quais fatores determinaram um ou outro resultado, uma ou outra derrota ou vitória, uma ou outra desilusão ou fracasso, sempre deve haver espaço para assumirmos nosso total ou parcial envolvimento e responsabilidade nos resultados. Note bem: nossa responsabilidade e não a sorte. Quando se assume esse princípio, a tarefa de decidir se reveste de uma centralidade, cuja seriedade deve nos levar a sermos cada vez mais comprometidos com tudo que nos envolvemos. Muitas vezes, é fácil atribuir a outros, o que deveria recair sobre nossas costas, sobretudo na derrota, sempre tão difícil de suportar. Assim é na vida, assim é no Esporte.
Assim, o filme do ano indicado a dez oscar, “Quem quer ser um milionário” retrata a sofrida vida de dois irmãos e uma amiga, vítimas constantes dos conflitos religiosos e sociais da Índia real (bem diferente daquela que é retratada na novela). Obrigados pelas circunstâncias - órfãos num país sem futuro algum - a serem itinerantes na insana busca pela sobrevivência, e de frente com decisões que afetariam seus destinos, são envolvidos por diversas tramas que acabam resultando na oportunidade que Jamal, irmão menor, tem de se inscrever num programa de perguntas e respostas. A mudança possível, num país desassistido e injusto, viria dessa possibilidade de ganhar o prêmio e visibilidade que o fariam se aproximar de sua grande paixão, Latika.
Para a maioria, era o dinheiro que mais importaria, mas para ele, que aprendeu a se virar remexendo o lixo e conheceu o mundo pelo seu lado mais sombrio e violento, tratava-se de uma reconciliação consigo mesmo: um ajuste de contas com sua trajetória que lhe fez merecedor de alguma compensação, que lhe fez personagem principal de um destino que foi sempre buscado e alimentado, mesmo na miséria. Momento esse em que todo um verdadeiro conhecimento - verdadeiro porque experimentado na carne, no suplício do corpo e na alegria simples de uma sobrevida impalpável, conquistada a cada dia - se põe à prova na simbólica disputa de perguntas e respostas.
Não estava em jogo por mais improvável que se podia parecer, uma disputa de campeonato, mas o desvelamento de uma história sempre ocultada atrás de sofrimentos irreparáveis. Todo o conhecimento que ele tinha era aquele que foi sentido dentro dele, conhecimento esse que foi, por isso mesmo, incorporado, absorvido e posto à prova no momento da disputa. Cada resposta era uma forma velada de expurgar os males provocados pela injustiça de um mundo sem explicações. Cada avanço na competição, uma vitória pessoal que aliviava o fracasso de todos, fracasso enquanto pessoas e enquanto espectadores das injustiças cometidas contra si mesmos e contra quem está ao nosso lado.
Um conhecimento assim absorvido e testado é o conhecimento que se torna libertador. Não há nada que não passe pela boca, em palavras, que não tenha sido antes digerido dentro de nós mesmos. O que é ouvido, realizado, é só um pálido reflexo de lutas devastadoras travadas dentro de nós. No filme, a competição é um espelho da vida. A chance que a vida deu, reflexo de escolhas (conscientes ou não) sempre intensamente sentidas na carne, presenciadas na dor e reconciliadas quando se optava por querer continuar a experimentá-la, mesmo que através dos mais despropositados dissabores.
Para muitos, as perguntas da competição para as respostas que ele sabia poderiam ser consideradas a expressão da pura sorte. No entanto, tratava-se de inverter a lógica da competição. Foi a própria trajetória de vida dele com todas as decisões anteriormentes tomadas que ajustaram a competição às respostas. Nesse sentido, o filme é a reconciliação da vida injusta com o martírio de um povo, traspassado pela trajetória de Jamal. As respostas são as respostas dadas no decorrer de uma trajetória pessoal (mas também de um povo) injustiçada; a competição é a História prestes a recompor os efeitos dessa injustiça. Mas quantas são as vezes em que a história tem a chance de se redimir e operar sem os freios da imoralidade latente e da violência gananciosa? Por isso, a vitória de Jamal reconstroi a História e dá a ela a chance de operar tendo como protagonistas aqueles que nunca fariam parte dela. Uma outra História, uma História do Corpo, da carne, da desrazão precisa ser urgentemente contada.
Tirando algumas das justificadas críticas que aparecem sobre o filme, ele merece ser visto por retratar, no percurso de uma competição improvável de ser disputada por alguém que veio da “favela”, a trajetória de vidas que são rotuladas de fracassadas antes mesmo de serem postas à prova.
E aqui, no Esporte, na quadra?
Estarmos num mundo aberto às incertezas é o que nos faz, de alguma forma, buscarmos sempre mais informação, experiências de vida, conhecimentos, opiniões de outras pessoas, respostas... Mas essas respostas nem sempre estão à mesa. Acabamos aprendendo que, de um jeito ou de outro, o que vale para mim, não vale para a pessoa que está do meu lado e vice-versa. Ou, mais além, que a resposta de um não é mesma resposta de outro. Se explicações comportam justificativas, não refazem trajetórias. Se erros cometidos nos alertam sobre os passos seguintes, não impedem que outros tantos erros sejam produzidos no mesmo caminho. Quem decide jogar sabendo das incertezas e da impossibilidade de dominar o que virá, deve estar pronto para lidar com a imperfeição, com a incongruência, com o improvável.
Aliás, se pensarmos bem, não é isso mesmo que nos motiva a permanecer lutando e que nos apaixona justamente pelo fato de não termos certeza alguma de que todo o esforço resultará naquele êxito pleno? Ou que, frente à comparação com os adversários, fará a gente questionar se todo aquele esforço, por maior que tenha sido, foi, de fato, expressão da dedicação completa de todos?
Queremos sempre dominar o futuro, tê-lo esquadrinhado, na esperança de que possamos ganhar mais confiança, mais segurança. Ledo engano. Talvez, o Esporte também nisso nos ajude a ver - sempre com a adrenalina correndo solta por todos os nossos poros - que a certeza disponível - a única - é a certeza de ir atrás, de buscar, de tentar. E não a certeza de já ter predefinido o vencedor. Essa certeza não faltou a Jamal no filme.
Ousadia x dedicação.
Falo isso porque vi que depois do jogo não havia colocado todos para entrar na quadra contra Ribeirão Pires. Podia ter arriscado mais e deixado que me surpreendessem. Podia ter optado por ousar mais, qualidade que valorizo muito. Mas, pensando bem, mesmo a ousadia, deve ser avalizada pelas potencialidades testadas e postas à prova. Se pudesse ser mais enfático nessa opinião, diria que a ousadia não deve representar a totalidade das qualidades de um treinador, ou de um atleta, ou de qualquer pessoa. Se é essa ousadia que encanta, muitas vezes; é ela que passa a se descolar do chão frio do esforço diário e do suor insistente que cai do rosto após um aprendizado árduo. Ou seja, essa ousadia que admiro tanto nos atletas e nas pessoas deve, de alguma forma, refletir uma base sólida de esforço, dedicação e responsabilidade na tomada de decisões.
Sei que capacidade para encantar, todos os que estão comigo têm. Uns mais que outros, é verdade, mas todos têm essa capacidade, sim. Essa ousadia minha, enquanto técnico e do atleta, será colocada à prova toda vez que essa base de aprendizado permitir. Mesmo a ousadia precisa ser consequente, resultado de uma experiência com a qual se aprendeu e se levou algo para si próprio.
Entendo, entretanto, que entrar em quadra ou não, não é jogar. Jogar é muito mais que isso. Jogar, participar, ser membro de uma equipe como Diadema - e de tantas outras equipes que fazem de tudo para superar a distância da assistência e do apoio institucionais, governamentais ou empresariais - é sentir-se parte de um grupo que tem as mesmas expectativas, algumas das mesmas paixões e de sonhos. Jogar é também estar lá do lado, pertinho, a um passo de entrar na quadra, mas envolvido, imerso na ânsia de fazer bem ao grupo. Jogar é partilhar de momentos que não estão, em sua maioria, na quadra: estão no dia-a-dia dos treinos e dos sorrisos, das conversas e das confidências trocadas.
Nesse sentido - e para retomar tudo o que falei sobre sorte, destino, acaso -, posso dizer que valorizo demais os treinamentos, toda a preparação física, técnica, psicológica. Mesmo com toda a falta de estrutura da qual ela é cercada. É ela quem constroi o atleta, quem dá a ele a forma que queremos. Se é verdade que o atleta é testado no jogo, muito antes, ele já vem sendo munido das qualidades e dos valores que serão imprescindíveis para a vida de atleta. Note que falo do esporte, mas poderia muito bem estar falando da vida...
No cotidiano, a batalha é, muitas vezes, mais árdua, mais exigente, mais contundente. O jogo deve ser o coroamento do que se viveu, do que se experenciou, do que se provou como amargo ou doce, do que nos derrotou ou do que nos fortaleceu. Entrar em quadra e estar descolado desse contraditório e injusto real que é o da nossa experiência de atleta, definitivamente, não é jogar. Pelo menos, não no sentido em que queremos mostrar. Nossos garotos jogam handebol porque jogam com essa petulância incomparável, porque jogam quando o mais aceitável seria não estarem jogando. Quando deveriam estar em busca dos seus trabalhos enfadonhos, mas que gerariam um pouco da estabilidade financeira tão desejável e justa. Eles fazem isso também, mas não se esquecem de farejar essa umbilical conexão com o prazer, com a paixão, com o jogar por mérito.
Então, é no dia-a-dia, no convívio, nos treinamentos que um técnico escolhe aqueles que entram em quadra. Os sete que iniciam ou terminam não são os únicos que merecem a atenção do técnico. O questionamento que pode vir à consciência é como tornar o atleta importante na sua contribuição específica, seja no treino, seja na quadra, seja fazendo gols, seja defendendo forte, seja incentivando, seja vendo que, nem sempre, para o momento, ele será o mais indicado. As decisões são, como disse antes, abertas à incerteza. E optar por um ou outro jogador pode dar a chave da vitória ou da derrota. Entretanto, é sobretudo nos treinamentos que essa referência se constroi e não como resultado de acasos felizes. É assim que uma equipe ganha consistência: quando se sabe tirar de cada um o que de melhor há dentro dele.
Os jogos.
Diadema 28 x 11 Poá. O grupo de pequenas, mas muito determinadas garotas da equipe de Poá não foi páreo, mais uma vez, para a equipe feminina de Diadema. Num dia inspirado da Solange e contando com um contra-ataque fulminante iniciado pela Débora ou por uma roubada de bola oportuna, o placar logo se abriu e garantiu desde o início a vitória que era improvável que pudesse ser revertida, não obstante os erros constantes das garotas: mais na defesa que no ataque. O ataque não encontrou dificuldades para abrir os espaços e oportunidades para gols bonitos. A defesa, desatenta, deixou que a equipe de garotas inexperientes de Poá, mas muito esforçadas pudesse também deixar sua marca.
Diadema 24 x 22 Ribeirão Pires. Nossa estreia no Mané Garrincha dentro da Liga neste ano foi marcada pela presença das garotas e dos garotos da escolinha que vieram prestigiar os jogos e pelos pais, cada vez mais torcedores de handebol e apreciadores de bons jogos. Tanto é verdade, que o pai do Eduardo, o Seu Marcos, confessou-me nesses dias que estava estudando as regras de handebol para entender melhor como funcionava o handebol e como contestar a arbitragem que, intuitivamente, leva-o a crer que nem sempre estavam sendo justa nas decisões que toma.
A noite se aproximava e a chuva também. Ginásio seco há muito tempo pelas chuvas só ocasionais de outono, foi palco das goteiras - que pararam por mais de uma vez o andamento da partida do masculino - ocasionadas por uma intermitente chuva própria a um verão fora de estação que ainda se fazia notar pela temperatura alta dos últimos dias.
Mesmo assim, nosso astral estava bom, os garotos motivados e o jogo que poderia ser levado com mais tranquilidade, gerou na torcida os calafrios e as emoções necessárias a um bom espetáculo. Mesmo errando muito, principalmente no primeiro tempo, com ataques frustrados em sequência, saímos perdendo de apenas um gol. Valeu muito mais a empolgação de alguns dentro da quadra, do que o esquema tático que gostaria que tivesse permanecido durante toda a partida. Valeu muito mais perceber que fisicamente os garotos começaram a reagir de forma mais competitiva, se comparados ao seu lado técnico e tático, ainda passíveis de maior assimilação. A isso devo sensivelmente a dedicação toda especial que o Valença tem dispensado aos garotos e pelas dicas e companheirismo que venho tendo dele nos momentos de jogo. Estou ganhando mais um amigo, dentro e fora da quadra, o que para todos nós de Diadema, torna-se algo muito importante.
Optando por uma formação defensiva 5:1 encontrei no Gaúcho uma possibilidade boa de dar mais consistência às antecipações, à diminuição do ritmo do ataque adversário. No Japa, na mesma função, ainda posso contar com uma inteligência aguçada nas coberturas e na dissuasão dos armadores. Ainda falta reforçar as laterais e extremos da defesa, nos momentos em que aparece a figura do segundo pivô, um trabalho que será executado na sequência dos treinamentos.
O Pereira foi um garoto que não apareceu muito no jogo, muito mais porque deixou-se abalar pelos erros cometidos e por não perceber que o mantive em quadra porque queria vê-lo arriscar mais. De toda forma, trabalhou muito bem nos bloqueios para os arremessos do João Pedro e do Luiz. Eduardo também oscilante durante o jogo, fez a diferença nos últimos momentos, em que o placar estava apertado. Fez os últimos três gols, quando a atenção adversária tinha se concentrado toda no Luiz. Preciso dele assim, disposto a fazer sempre essa diferença que ele tem a capacidade de fazer. Luiz puxou a eficiência do ataque na maior parte do primeiro tempo, fazendo gols oportunistas e com a rapidez que vem ganhando a cada dia. João Pedro tem mostrado que foi a decisão mais acertada a de colocá-lo na armação esquerda e em sua importante tarefa de ser o arremessador eficiente que era nas pontas. Seus arremessos têm melhorado muito e o seu trabalho com o pivô também. Gaúcho como ponta tem dado às defesas adversárias a preocupação que todo atacante precisa dar, seja pela sua compleição física, seja pela qualidade do seu salto, seja pela eficiência dos seus arremessos. Bruninho tem permitido ao ataque desenvolver a circulação necessária para que se crie a velocidade mais adequada às penetrações e lançamentos. Thiaguinho sentiu na cara e na cabeça os impactos de boladas que refletiam um ataque potente por parte de Ribeirão. Manteve-se constante, apesar de alguns erros em bolas de ponta e em lançamentos precipitados. Ainda um goleiro que faz a equipe agir diferente, mais confiante.
Um placar de dois gols de diferença, de muitas precipitações e diferentes falhas nos lançamentos; de algumas poucas, mas desnecessárias críticas dirigidas um a outro e de uma vontade imensa de garantir a primeira vitória do grupo dentro de casa. Na somatória dos erros e acertos, fizemos um placar favorável contra uma equipe importante dentro da Liga e que disputará os Jogos Regionais pela categoria adulta. Na somatória das vontades e movidos pelo grandioso apoio de nossa torcida, apesar das interrupções devido à chuva que atrapalharam o nosso ritmo dentro da partida, espero que tenhamos conseguido perceber que serão os treinamentos e os testes feitos aí que se mostrarão como a principal referência da nossa maneira de jogar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Reencontrando horizontes. Diadema e Hand Ibira.

Se, por um lado, quem conta uma história movido pela paixão perde um pouco da pretensa objetividade, dos intrincados conflitos nem sempre visíveis ao primeiro olhar; por outro, sublinha o que profundamente lhe marca, o que, ao se revelar, ganha as tonalidades fortes de um reencontro consigo mesmo. A partir daí, a história contada, não é mais uma história do tempo e de um espaço definidos, do evento dissecado e escrito com o cinza dos documentos, mas de uma história com validade que se esconde do tempo e se rejuvenesce na lembrança. É uma história cheia de cores e que dá mais valor ao sonho. Não vale como documento, vale como carne. Não se presta a ser juíza dos outros, mas a guardiã de tesouros. Se na História oficial, a face que se vê é a dos vencedores, entendidos aqui como usurpadores das vozes entrecortadas e dos herois ocultados do passado, a história contada a partir do que é vivido e sentido, resgata personagens e restitui verdades tão fortes que, ao serem pronunciadas chegam a redefinir horizontes.
Não é essa um pouco a nossa história também? A história de cada um em meio aos rios e enxames de oficialismos? Se aprendêssemos a contar a história que junta o mundo a um pouco do que somos, não seria essa a verdade a ser procurada uma vida toda e que só, em raros momentos, pula aos nossos olhos? E que olhos são esses, os da razão, vilã de um mundo sem escrúpulos? Ou os olhos da carne, da emoção e de sentimentos deixados em segundo plano, mas que dizem um pouco mais de nós mesmos, que ousam pintar o mundo com cores diferentes?
Ao passar o olho sobre essas histórias contadas aqui no Blog me vi diante desses sussurros, pedaços cheios de emoções e já ultrapassados por outras tantas histórias. Elas não contam quase nada, não se prestam a atestar julgamentos. Na sua parcialidade confessada, recriam um mundo do qual algumas pessoas fazem parte. E, por isso mesmo, se enchem de sentido. Quando imaginava que não tinha sentido nisso tudo, eis que ele aparece se impondo.


Dia das mães e de um reencontro.
Nesse domingo das mães, percebi que a vida e o esporte se unem também por mostrarem pedaços de quebra-cabeças. Pedaços que talvez nunca formem figura alguma, mas que vão sendo produzidos e sendo jogados na mesa. Em alguns momentos somos testados no pior dos nossos desempenhos; em outros, em nossos lampejos de excelência. Talvez para lembrarmos de que se, lutarmos, se nos dedicarmos, iremos, de alguma forma, colher os resultados.



Diadema 20 x 12 Mogi das Cruzes. As garotas, cumprindo seu dever na quadra, fazem o que nos treinos ainda deixam a desejar. Mas quem sou eu para dizer algo delas, que não seja o de admirar essa performance. Deixaram o técnico adversário atônito, tentando resolver as falhas causadas por um ataque eficiente de Diadema e de uma defesa bem posicionada na maior parte do tempo. Pra mim, são os treinos que devem determinar a força de uma equipe. O jogo deve ser a expressão de talentos que se somam e se unem numa equipe. As garotas ainda não conseguiram formar essa equipe. No entanto, conseguem mostrar os resultados que os garotos ainda não conseguem alcançar.


Diadema 35 x 18 Hand Ibira. E os garotos? Depois de uma derrota inesperada, num dia sem inspiração, recolhemo-nos à rotina dos nossos treinos. Um pouco desesperançosos, afinal, a campanha que até então estava nas nossas costas não nos dava orgulho algum. Em nove partidas, havíamos ganhado apenas duas. Pois é assim que, treinando com vontade e percebendo que era preciso escutar para que pudessem melhorar, os erros foram suprimidos ao ponto de poderem jogar uma partida bonita de se ver, que encantou como há muito não encantava.
Poderia falar dos erros... Mas como essa história é uma história contada através do coração, ela vai carecer da objetividade que todo o técnico precisa ter a cada momento. O que se escreve é diferente do que o treino irá diagnosticar. Por isso, na pausa dessa avaliação, sobram os pulos de alegria que só um jogo bonito pode causar.
A nossa primeira vitória sobre o Hand Ibira na Liga veio num dia em que tivemos a atuação impecável do Thiaguinho, no primeiro jogo da temporada. Defesas importantes e contra-ataques perfeitos deram a tônica de uma vitória que se desenhou já no início da partida. O Gaúcho, atento ao treinamento, melhorou muito sua atuação na posição de avançado na defesa 5:1 e conseguiu diminuir significativamente as opções do ataque dessa equipe sempre perigosa e composta por jogadores experientes no handebol.

O Pereira me encanta com sua vontade, sua alegria, seu talento. Foi muito bom vê-lo de volta na quadra jogando por Diadema. O Eduardo, aos poucos, vem mostrando que seu papel na equipe não pode ser secundário e tem assumido a liderança que o faz ser o jogador que é: inteligente e oportunista no ataque; esforçado e cooperador na defesa. Luiz e Speedy vão ganhando a consistência e a habilidade necessárias para a posição de “meias-chutadores” que se transformaram. Bruninho, além de sua eficiência na defesa, mostrou equilíbrio no ataque. Jonas com toda a sua experiência fez a diferença na defesa e ajudou a dar a solidez e constância defensivas durante todo o jogo. Gustavo que ainda precisa encontrar sua melhor maneira de jogar, não deixou a desejar e mostrou-se atento na defesa e muito solidário no ataque.
Mas o Japa, ah, o Japa... Ele é essencial para a gente. Inteligente e perspicaz, talentoso e diferenciado. Através dele, resumo o que quero para um ataque eficiente: disciplina e senso de oportunidade. Na derradeira entrada em quadra, faltando poucos segundos para o fim do jogo, rodou a bola rapidamente entre os armadores e, desvencilhando-se da marcação, fez um bonito gol no ângulo superior direito do goleiro do Hand Ibira. Um gol e o jogo acabou. Um gol para nos redimir da última derrota contra a Engenharia Mackenzie, num gol tomado também no último segundo de jogo. Só que, digamos de passagem, um gol muito mais bonito e esteticamente inesquecível. Na defesa e como destaque dessa importante partida, falo do Thiaguinho: um goleiro que dá motivação ao grupo e um jogador atento a cada lance. Não é à-toa que fez dois gols. Quando se tentou parar seus lançamentos perfeitos para os contra-ataques fulminantes do Gaúcho, fazendo o goleiro adversário sair nos nossos atacantes, ele mesmo resolveu a situação e fez as vezes de artilheiro, lançando a bola direto para o gol.

domingo, 26 de abril de 2009

Diadema contra Diadema: a terceira rodada da Liga.




As garotas entraram em quadra, segundo palavras do técnico Marcos, acomodadas diante da anterior vitória fácil contra a equipe de Tordesilhas no São Caetano Cup. Consequência dessa atitude pouco responsável foi que tivemos que enfrentar nossa primeira derrota. Arremessos que eram perdidos, invasões ao arremessar, erros de recepção e passes que complicavam a velocidade do jogo no ataque foram acarretando a malfadada derrota. Íamos insistindo em ações pouco inteligentes facilitando as roubadas constantes de bola das adversárias. Os mesmos arremessos da mesma meia direita não recebeu a atenção de uma marcação que precisava ser mais próxima e impeditiva da progressão fácil da jogadora.
No entanto, acredito que as garotos, de novo, estão com um grupo muito bom e merecedor de estarem à frente da competição. Um grupo que, apenas, precisa se encontrar mais em quadra, ser mais solidário, menos questionador nos momentos decisivos da partida e mais capaz de superar as adversidades. Só formarão um grupo de novo quando perceberem que o bem de cada uma na equipe passa pelo bem de todas as demais. Esse diálogo necessário e o entendimento de que não pode haver espaço para desavenças sem ponderação, irão conduzir as garotas ao lugar que merecem estar.




Diadema 27 x28 Engenharia Mackenzie.
Mas vamos aos garotos e o seu desafio mais fácil até agora na Liga. E por ser, teoricamente, mais fácil, é o que mais nos preocupa. Acomodamo-nos. Paramos na boa colocação do goleiro nas bolas arremessadas dos nove metros e na imprevisível velocidade da reposição de bola, bem como na facilidade demasiada que encontraram os pontas para atuarem nesse jogo.
Ali seguia o jogo, entremeado por lampejos de organização e recheado de erros primários. Uma reação de esboçou... Uma corrida contra o tempo. Na verdade, uma corrida contra nós mesmos. Uma tentativa quase bem-sucedida de se desfazer os repetidos erros.
Um arremesso para fora do armador e recuperamos a bola sem levar gol. Tínhamos 23 segundos para armar a jogada e empatar o jogo que desde o início foi marcado por uma ausência muito grande de empenho defensivo. Além disso, não há como negar que o Guilherme no gol não estava nada inspirado deixando durante toda a partida que os pontas “deitassem e rolassem” fazendo gols de todos os jeitos. Mais de 50% dos gols foram marcados a partir da ponta. É certo que a cobertura sobre os meias, que quase não arremessaram, foi feita de maneira mais forte. O que não podíamos entender é que tantos gols fossem tomados ali, nas pontas e que não ficássemos atentos à diminuição do espaço, muito necessária para evitar os arremessos em deslocamento desses pontas. A marcação 5:1 dificultou a circulação da bola pelos armadores como queríamos o que, a partir do segundo tempo, propiciou uma saída rápida para contra-ataques eficientes. No ataque, os treinos começam a surtir efeito no ponto em que o jogo em profundidade está se tornando uma preocupação dos garotos. Os pivôs começaram a atuar da maneira como estamos treinando, forçando o bloqueio e facilitando a ação dos nossos armadores. Pena que essa ação ainda é muito irregular.
Assim, tiramos 5 gols no final do jogo. Restavam esses 23 segundos. Meu tempo já tinha sido pedido, então, restava ficarmos atentos ao gasto do tempo no ataque e uma finalização eficiente. Heitor distribui a bola para um jogo mais próximo dos 6 metros do Luiz que, entrando numa diagonal mais fechada para o centro, inverte a bola para o João Pedro, colocado na ponta direita. Ele que estava mais alto, teve apenas a chance de equilibrar o corpo e arremessar sob o contato violento do marcador um. Resultado: João Pedro ao cair sente a perna que já havia dado problema no ano passado mas consegue um sete metros faltando 10 segundos para terminar o jogo. Ele, machucado e tendo errado dois sete metros, não se apresenta para a cobrança. Eduardo calmamente se dirige à bola e chuta de forma certeira à meia altura do goleiro no seu canto esquerdo.
Jogo empatado. 9 segundos de tensão. A bola é reposta de forma rápida pela Engenharia Mackenzie e descobre o ponta já posicionado após o meio da quadra. Os árbitros desatentos dão sequência ao lance, irregular ao meu ver, e avança na lateral da quadra forçado pela marcação do Japa. Ele não é parado e mesmo na ponta, faz um gol faltando 2 segundos...
Perdemos de um gol um jogo que poderíamos ter ganho com facilidade. Descobrimos mais uma vez o amargo gosto da derrota. Não fosse o erro do árbitro, terminaria empatado o jogo, mas ainda assim sairíamos derrotados pois não soubemos aproveitar as chances devidas quando as tivemos em abundância. Erros constantes em arremessos previsíveis e uma circulação de bola pouco eficiente. Sete metros desperdiçados, erros constantes de finalização dos pivôs, tanto na recepção quanto na realização dos arremessos.
Atuações irregulares, posicionamentos deficientes e ações precipitadas no ataque. Erros que mostram que os treinos precisam ser mais eficientes, mais assimilados nos seus objetivos. Fato é que os testes acabaram. Nossas derrotas extrapolaram o curto espaço de tempo. Em cinco jogos perdemos cinco vezes. Três derrotas no São Caetano Cup, uma na Copa Estadual e outra, agora, na Liga. Independentemente das justificativas, nada nos tira o gosto amargo de experimentarmos uma fase ruim em nossa preparação.
Esperem dos treinamentos, uma exigência mais aguda, mais insistente e de maior cobrança. Precisamos reagir em momentos difíceis nas partidas. Passar por cima das desavenças e caminharmos juntos para encontrarmos a reconciliação com as vitórias. Para isso acontecer, os treinos vão ter que ganhar uma severidade ainda maior. Desconsiderarei nos jogos aqueles que não se empenharem nos treinos, ausentarem-se sem comunicar e demonstrarem estar pouco empenhados na preparação física.
Uma primeira virada é exigida de todos nós nesse momento difícil. Como vamos querer algo em troca se não mostramos em quadra que, apesar das dificuldades, temos o talento capaz de garantir um lugar de destaque para a nossa equipe?. Estamos prontos para essa virada? Ela não virá sem esforços e sem exigência de concentração, de empenho, de mudança de atitude. Os treinos terão que mostrar quem merece estar na quadra. No nosso próximo jogo, não iremos aceitar derrotas antecipadas ou provocadas por erros contínuos de nossa parte. Aquele ar derrotado ou cabisbaixo tem que sumir das nossas atuações sempre tão irregulares.
O momento, pois, é de virada. Mudança de atitude em tudo o que fazemos: no treino, no jogo, no comportamento com os nossos companheiros e, principalmente, no esforço que despendemos em cada um desses momentos. Confio que mudaremos!

Quando surgem os herois: o jogo contra Cotia.

Um pequeno balanço dos jogos da Copa Estadual.

A Copa Estadual de Handebol promovida pela SELT do Governo do Estado de São Paulo tem melhorado sua forma de organização de maneira muito significativa no que diz respeito à forma de disputa. Com as mudanças, podemos jogar mais vezes e ter uma referência um pouco mais interessante a respeito das condições das equipes representadas pelos diversos municípios. Se, há poucos anos, disputávamos apenas um jogo contra Guarulhos e éramos desclassificados logo de cara. Agora, com o chaveamento das cidades, temos a chance de enfrentarmos equipes nas mesmas condições que as nossas, seja em termos de estrutura, seja na precariedade do incentivo esportivo dado aos atletas. O que ajuda a ponderar e comparar atuações. Se o foco do progresso é entender a diferença dos desempenhos das equipes campeãs e das equipes iniciantes, a Copa ajuda a perceber em que parte desse longo caminho estamos.
Entretanto, o que acabou prejudicando nossa participação esse ano foram as idas a locais demasiado distantes de Diadema. Cruzar a cidade para ir até Franco da Rocha ou Cotia em horários de trânsito tumultuado requereu uma improvisação na formação da equipe que, nunca pode contar com todos os seus jogadores, impedidos de irem aos jogos por não conseguirem ser liberados do trabalho, do estágio ou dos demais compromissos assumidos. Diante de nós, um dilema: ou chegávamos atrasados com uma equipe mais completa, ou chegávamos no horário, porém, sem todos os nossos jogadores. Resultado da organização dessa tabela desfavorável foi que acabamos perdendo um jogo, no feminino, por W.O. para Franco da Rocha nessa cidade e tivemos que ir para Cotia com apenas oito jogadores no masculino, num jogo importante de semifinal da fase regional.
Guarulhos e Cotia possuem grupos de atletas que estão disponíveis para os treinamentos em período integral. Nós, de Diadema, temos que começar nossos treinos a partir das 18:30h uma vez que os garotos só conseguem chegar para treinar nesse horário. Assim, marcarmos saídas antes desse horário, inviabiliza a participação completa do grupo.
Acredito que é possível tentar garantir uma participação mais consistente de nossas equipes se não tivermos que enfrentar de 3 a 4 horas de trânsito para chegarmos a tempo de disputar os jogos. Para se ter uma ideia do que passamos, um dos jogos foi marcado nas vésperas de um feriado em que se registrou recorde de congestionamento na cidade. Chegamos no local às 20:30h, pouco depois de ter sido confirmado o W.O.. Retornamos para Diadema e chegamos mais de 1 hora da manhã. Tivemos que contar com a boa vontade de nosso motorista que foi deixando cerca de 30 atletas em locais mais ou menos próximos de suas residências. Um esforço que desgasta e faz questionarmos nossa participação nos anos seguintes. Diante da estrutura que a SELT tem, poderia se pensar em ginásios neutros para a disputa desses jogos. Como exemplos possíveis, cito o Clube da Cidade Ibirapuera, o próprio Centro Olímpico, o Baby Barione e outros tantos clubes esportivos cujas sedes poderiam receber jogos dessa importância. Além disso, achamos que a quadra de Diadema, nas dimensões de 32 m x 19,80m não é ideal para a sede desses jogos, mas é muito melhor do que a que jogamos em Franco da Rocha e em Cotia.
Ao aceitarmos jogar tais partidas - e com equipes muito bem treinadas - expomos os jogadores a lesões desnecessárias e a um contato físico mais violento. Talvez, um dos critérios aos quais devamos atentar nesses momentos não deve ser apenas o da disposição da cidade em sediar os jogos, mas, mediante pequena vistoria, o de garantir o espetáculo de forma aceitável e com menos riscos a contusões causadas pelas condições da prática da modalidade.
Tudo se resolveria, volto a dizer, com a opção de se utilizar os equipamentos esportivos da SELT. Notadamente, quando as condições de deslocamento favorecerem muito mais uma equipe à outra ou quando a estrutura física da quadra não garantir a segurança e o bom jogo. Independente disso, farão a final na nossa região, duas equipes extremamente competitivas e inquestionavelmente merecedoras de terem chegado até onde chegaram. O que não aceitamos é uma participação passiva da SELT nos critérios mencionados.


Oito garotos, um desafio gigantesco: Diadema X Cotia

Mas, falemos do jogo e da heroica participação de Diadema. Mesmo tendo ido para a partida com 8 garotos, não podemos desconsiderar o impressionante fato desses atletas terem se superado como poucas vezes vi um grupo fazer.
Cotia, que está disputando o Campeonato Paulista Adulto Masculino nesse ano e cuja equipe base é o próprio plantel da categoria júnior, tem levantado excelentes resultados contra equipes de tradição. Perderam da forte equipe do São Caetano por 9 gols e da tradicional Metodista por apenas 6 gols. Na Copa Estadual, fizeram um placar de, inacreditáveis, 65 a 3 contra Poá. Talvez, todo esse recente histórico de Cotia tenha assustado um pouco nosso grupo, o que fez com que entrassem em quadra cabisbaixos e pouco confiantes.
Cabe aqui um comentário. O handebol tem me dado várias lições. Tenho aprendido muito com elas. Uma dessas importantes lições é a de que entre equipes cujo nível técnico, de conhecimento, de treinamento e de organização são muito diferentes, o resultado inevitável estará do lado da equipe que reunir essas características. Se as equipes se equivalem nessas características, o valor dado à preparação emocional, ao estudo do adversário, à exploração tática nas variáveis do jogo e ao poder decisão de atletas acima da média determinará o vencedor. Então, mesmo reconhecendo a superioridade de outra equipe, lutar sem esmorecer e jogar o handebol no máximo de nossa condição são responsabilidade de cada jogador e dos valores trazidos com cada um de nós.
Ser digno na derrota e na vitória. Aí, nesse terreno imperceptível de disputa, nenhum resultado é maior do que a disciplina (não falo só da disciplina técnica e tática durante o jogo, mas de uma disciplina que mostra o valor do que sabemos e do quanto estamos dispostos a mostrar isso em quadra e fora dela), do que o respeito ao adversário que joga melhor, do que a ética diante de momentos complicados em que nos expomos ao contato ou quando não nos conformamos com os erros, bem como do reconhecimento nem sempre fácil da superioridade da outra equipe. Se queremos algo, temos que entender que não se chega ao topo sem esforço, de paraquedas.
Basta fazermos uma insistente e profunda reflexão do quanto ainda queremos avançar, do quanto ainda estamos dispostos a tentar, do quanto iremos nos sacrificar para chegarmos até onde nos propomos. Não basta dizermos: “Quero me tornar um atleta da Seleção Brasileira”. Temos de reunir - dada a realidade da modalidade - as características físicas favoráveis; a habilidade sempre treinável e passível de aprimoramento; a visibilidade de um clube que nos permita aparecer para quem detém o poder de escolher os jogadores; a inteligência de um jogador que decide bem sob momentos de complexa desvantagem e que reúne as qualidades de um bom jogador tanto defensiva quanto ofensivamente. Além disso, deixei por último, o que vejo como principal fator e que garante o sucesso e o diferencial de um atleta: sua capacidade de se manter focado nesse objetivo durante toda sua vida esportiva, de não se desvirtuar ou se perder com tantas outras falsas promessas e repetidas desilusões.
Geralmente, o atleta com essa capacidade, é o atleta que podemos ver sempre aplicado ao treinamento; o atleta que escuta, tenta executar e melhorar a cada chance que tem; o atleta que encara cada desafio por maior ou menor que seja, com a mesma determinação, com o mesmo esforço, sem se melindrar com os fracassos. Esses atletas são raros... E essa formação que devemos querer alcançar como atletas e como pessoas.
Em alguns momentos, como os do jogo contra Cotia - não obstante, as indefinições e hesitações -, nossos atletas têm mostrado traços dessa determinação tão importante. Um jogo que começou sem vigor, sem entusiasmo. Desconsolados que estávamos com a derrota inevitável, jogávamos nos primeiros dez minutos, como se uma obrigação das mais severas tivesse sido imposta a nós. A diferença no tamanho, na força, na disposição tática era tamanha que nossos garotos transferiam isso automaticamente para o empenho que imprimiam dentro de quadra. No início da partida, eu não tinha dúvida de que perderíamos desonrosamente. Mas, algo foi sinceramente mudando dentro deles no decorrer da partida. Na hora do arremesso, eles eram desequilibrados no ar. Com a mesma força que nossos garotos vinham em direção ao gol, uma reação defensiva dos adversários dobrada no ímpeto se dirigia contra os garotos. Assustaram-se. Cinco minutos de jogo e mais de 4 interrupções de jogo já tinham sido dadas para socorrermos nossos atletas. A mais grave do Wellington que, também desequilibrado no ar, caiu sobre a mão esquerda e permaneceu no chão, sentindo muita dor. Quando o Wellington fica no chão é porque algo grave ocorreu. Mesmo assim, ainda continuou até o final do primeiro tempo fazendo de tudo para ajudar os companheiros. Voltamos com um a menos na linha. Guilherme fez as vezes de atacante e defensor: jogou bem e não comprometeu o jogo. Deu até mais esperança a nós.
No primeiro tempo, não conseguiam, os garotos, arremessar de forma eficiente. Um engajamento sem objetividade deu a tônica de um ataque fraquejante quase o tempo todo. Fiquei meio desesperado porque sabia que estavam jogando bem menos do que podiam jogar. Eduardo se escondia no pivô; Luiz errava demais os arremessos; Márcio começou a partida desatento na recepção e na colocação defensiva, o que permitiu um número enorme de arremessos bem sucedidos do ponta esquerda de Cotia; Japa pouco recebia a bola e quase nada pôde fazer. Depois da lesão do Wellington, veio para o centro e conseguiu fazer com que a equipe imprimisse um pouco mais de velocidade. João Pedro, de armador esquerdo, também não conseguiu desempenhar o que podia e havia treinado no dia anterior em que a velocidade do seu deslocamento e a rapidez das fintas e ações de passe o diferenciaram.
Fomos para o segundo tempo. Por mais que dissesse a eles que o resultado não era importante, eles é que deveriam incorporar essa mensagem e agir de forma mais leve, mais alegre. Pedi um jogo em profundidade com o pivô e uma circulação mais constante dos pontas como segundo pivô a fim de tentarem evitar um contato muito violento dos armadores em deslocamento com a defesa, que agora teria que se preocupar muito mais com os pivôs colocados ao lado do marcador lateral e no centro. João Pedro achou o seu jogo e fez assistências magníficas para o pivô, liberou-se para o arremesso e conseguiu imprimir um diálogo melhor com o ponta e o centro. Eduardo no centro teve a tranquilidade para fazer seus arremessos precisos em primeira passada sob o bloqueio dos dois altos marcadores centrais de Cotia. Luiz, com suas fintas mais precisas, conseguiu encontrar os espaços necessários para chutes certeiros. Japa teve que se sacrificar na ponta direita, mas atuou de forma irrepreensível na defesa, roubando bolas e fazendo uma marcação individual eficiente nos momentos em que foi requisitado para tal tarefa. O jogo dos garotos se soltou. Leonardo também se machucou em um dos lances mas, para nossa sorte, conseguiu manter-se firme durante o restante do jogo, atuando até melhor do que no primeiro tempo.
Agora sei. A atenção do goleiro, a difícil arte de defender e agir praticamente sozinho durante o jogo, depende fundamentalmente dessa confiança do grupo e do seu empenho e vontade de querer ganhar. De uma forma ou de outra, o espírito dos jogadores de linha determinam a ação dos goleiros. O contrário também é verdade. Não para esse jogo. A virada foi dada pelos jogadores de linha que perceberam o quanto puderam igualar o jogo em competitividade.
Mesmo sem o Wellington, nós revertemos o jogo. Se, no primeiro tempo, o placar mostrava uma diferença de 14 gols; no segundo tempo, jogando de modo mais consistente, acabamos ganhando por uma diferença de um gol. Perdemos de 13 gols o jogo, mas saímos - ao menos, foi o que senti - vitoriosos nessa postura, no comprometimento e por mostrarmos que temos jogadores talentosos.
Como não se encantar com isso? Como não dar valor, agradecer, por termos garotos tão honrosos e talentosos? Como não perder o fôlego e surpreender-se diante do fato de que são poucos os momentos em que tudo o que fazemos pode nos encher tanto de sentido como foi constatado ao final da partida?
Quando Cotia começou a rodar seus jogadores, percebemos que tirando os sete que iniciaram a partida, o padrão deles diminuiu e igualamos um jogo, em princípio impossível de se ganhar. Percebemos que reunir tantos garotos de talento é algo realmente difícil e que devemos nos sentir privilegiados por fazer parte de um grupo que transforma o obstáculo em desafio a ser transposto. E nossos garotos, com o talento que possuem e a vontade que demonstraram em quadra, conseguiram isso. Sinto-me orgulhoso desses jogadores que estiveram atuando contra Cotia. Guardem esse dia na lembrança de vocês. Não tenho dúvidas de que se tivéssemos o grupo completo para o jogo, faríamos uma exibição ainda melhor, um dando apoio ao outro da forma vibrante como sabem fazer.
Herois surgem assim...

Não estou falando dos herois dos quadrinhos com seus superpoderes e suas ações irrepreensíveis. Falo de um valor conquistado na experiência dos dias e testado no conflito, na dificuldade. No momento em que tudo poderia dar errado, eis que se conquista esse mágico toque que garante a diferença. Falo do atleta comum que, se exigido no limite, se tocado em seu brio e paixão, se transforma e é capaz de passar por cima de todas as predeterminações de juízo e fazer seu próprio caminho. Falo do atleta que faz de cada momento seu na quadra uma extensão daquilo que pulsa e vibra dentro de si. Aquela força que, incapaz de conter-se, extravasa-se. O que antes era limite, fronteira, ora se transforma em horizonte. Tudo pode se ver a partir desse raio que corta o momento, que destroi o medo e impulsiona o grito contido; que faz um gol valer mais de dez.
O atleta se consagra para si mais do que para os outros. Porque só ele, lá no fundo, sabe o quanto representa cada segundo dessa conquista pessoal, dessa marca. Uma marca sem sentido para a maioria - pois, no nosso caso, não resultou em vitória no placar -, mas um sinal de uma mudança, um sinal da incorporação, da aquisição de coisas impalpáveis, invisíveis. Será esse presente, forjado no calor de uma batalha honesta, justa e bonita, uma espécie de porto seguro, de cofre secreto, que acalentará a alma do atleta em seus momentos de dificuldade.