domingo, 26 de abril de 2009

Diadema contra Diadema: a terceira rodada da Liga.




As garotas entraram em quadra, segundo palavras do técnico Marcos, acomodadas diante da anterior vitória fácil contra a equipe de Tordesilhas no São Caetano Cup. Consequência dessa atitude pouco responsável foi que tivemos que enfrentar nossa primeira derrota. Arremessos que eram perdidos, invasões ao arremessar, erros de recepção e passes que complicavam a velocidade do jogo no ataque foram acarretando a malfadada derrota. Íamos insistindo em ações pouco inteligentes facilitando as roubadas constantes de bola das adversárias. Os mesmos arremessos da mesma meia direita não recebeu a atenção de uma marcação que precisava ser mais próxima e impeditiva da progressão fácil da jogadora.
No entanto, acredito que as garotos, de novo, estão com um grupo muito bom e merecedor de estarem à frente da competição. Um grupo que, apenas, precisa se encontrar mais em quadra, ser mais solidário, menos questionador nos momentos decisivos da partida e mais capaz de superar as adversidades. Só formarão um grupo de novo quando perceberem que o bem de cada uma na equipe passa pelo bem de todas as demais. Esse diálogo necessário e o entendimento de que não pode haver espaço para desavenças sem ponderação, irão conduzir as garotas ao lugar que merecem estar.




Diadema 27 x28 Engenharia Mackenzie.
Mas vamos aos garotos e o seu desafio mais fácil até agora na Liga. E por ser, teoricamente, mais fácil, é o que mais nos preocupa. Acomodamo-nos. Paramos na boa colocação do goleiro nas bolas arremessadas dos nove metros e na imprevisível velocidade da reposição de bola, bem como na facilidade demasiada que encontraram os pontas para atuarem nesse jogo.
Ali seguia o jogo, entremeado por lampejos de organização e recheado de erros primários. Uma reação de esboçou... Uma corrida contra o tempo. Na verdade, uma corrida contra nós mesmos. Uma tentativa quase bem-sucedida de se desfazer os repetidos erros.
Um arremesso para fora do armador e recuperamos a bola sem levar gol. Tínhamos 23 segundos para armar a jogada e empatar o jogo que desde o início foi marcado por uma ausência muito grande de empenho defensivo. Além disso, não há como negar que o Guilherme no gol não estava nada inspirado deixando durante toda a partida que os pontas “deitassem e rolassem” fazendo gols de todos os jeitos. Mais de 50% dos gols foram marcados a partir da ponta. É certo que a cobertura sobre os meias, que quase não arremessaram, foi feita de maneira mais forte. O que não podíamos entender é que tantos gols fossem tomados ali, nas pontas e que não ficássemos atentos à diminuição do espaço, muito necessária para evitar os arremessos em deslocamento desses pontas. A marcação 5:1 dificultou a circulação da bola pelos armadores como queríamos o que, a partir do segundo tempo, propiciou uma saída rápida para contra-ataques eficientes. No ataque, os treinos começam a surtir efeito no ponto em que o jogo em profundidade está se tornando uma preocupação dos garotos. Os pivôs começaram a atuar da maneira como estamos treinando, forçando o bloqueio e facilitando a ação dos nossos armadores. Pena que essa ação ainda é muito irregular.
Assim, tiramos 5 gols no final do jogo. Restavam esses 23 segundos. Meu tempo já tinha sido pedido, então, restava ficarmos atentos ao gasto do tempo no ataque e uma finalização eficiente. Heitor distribui a bola para um jogo mais próximo dos 6 metros do Luiz que, entrando numa diagonal mais fechada para o centro, inverte a bola para o João Pedro, colocado na ponta direita. Ele que estava mais alto, teve apenas a chance de equilibrar o corpo e arremessar sob o contato violento do marcador um. Resultado: João Pedro ao cair sente a perna que já havia dado problema no ano passado mas consegue um sete metros faltando 10 segundos para terminar o jogo. Ele, machucado e tendo errado dois sete metros, não se apresenta para a cobrança. Eduardo calmamente se dirige à bola e chuta de forma certeira à meia altura do goleiro no seu canto esquerdo.
Jogo empatado. 9 segundos de tensão. A bola é reposta de forma rápida pela Engenharia Mackenzie e descobre o ponta já posicionado após o meio da quadra. Os árbitros desatentos dão sequência ao lance, irregular ao meu ver, e avança na lateral da quadra forçado pela marcação do Japa. Ele não é parado e mesmo na ponta, faz um gol faltando 2 segundos...
Perdemos de um gol um jogo que poderíamos ter ganho com facilidade. Descobrimos mais uma vez o amargo gosto da derrota. Não fosse o erro do árbitro, terminaria empatado o jogo, mas ainda assim sairíamos derrotados pois não soubemos aproveitar as chances devidas quando as tivemos em abundância. Erros constantes em arremessos previsíveis e uma circulação de bola pouco eficiente. Sete metros desperdiçados, erros constantes de finalização dos pivôs, tanto na recepção quanto na realização dos arremessos.
Atuações irregulares, posicionamentos deficientes e ações precipitadas no ataque. Erros que mostram que os treinos precisam ser mais eficientes, mais assimilados nos seus objetivos. Fato é que os testes acabaram. Nossas derrotas extrapolaram o curto espaço de tempo. Em cinco jogos perdemos cinco vezes. Três derrotas no São Caetano Cup, uma na Copa Estadual e outra, agora, na Liga. Independentemente das justificativas, nada nos tira o gosto amargo de experimentarmos uma fase ruim em nossa preparação.
Esperem dos treinamentos, uma exigência mais aguda, mais insistente e de maior cobrança. Precisamos reagir em momentos difíceis nas partidas. Passar por cima das desavenças e caminharmos juntos para encontrarmos a reconciliação com as vitórias. Para isso acontecer, os treinos vão ter que ganhar uma severidade ainda maior. Desconsiderarei nos jogos aqueles que não se empenharem nos treinos, ausentarem-se sem comunicar e demonstrarem estar pouco empenhados na preparação física.
Uma primeira virada é exigida de todos nós nesse momento difícil. Como vamos querer algo em troca se não mostramos em quadra que, apesar das dificuldades, temos o talento capaz de garantir um lugar de destaque para a nossa equipe?. Estamos prontos para essa virada? Ela não virá sem esforços e sem exigência de concentração, de empenho, de mudança de atitude. Os treinos terão que mostrar quem merece estar na quadra. No nosso próximo jogo, não iremos aceitar derrotas antecipadas ou provocadas por erros contínuos de nossa parte. Aquele ar derrotado ou cabisbaixo tem que sumir das nossas atuações sempre tão irregulares.
O momento, pois, é de virada. Mudança de atitude em tudo o que fazemos: no treino, no jogo, no comportamento com os nossos companheiros e, principalmente, no esforço que despendemos em cada um desses momentos. Confio que mudaremos!

Quando surgem os herois: o jogo contra Cotia.

Um pequeno balanço dos jogos da Copa Estadual.

A Copa Estadual de Handebol promovida pela SELT do Governo do Estado de São Paulo tem melhorado sua forma de organização de maneira muito significativa no que diz respeito à forma de disputa. Com as mudanças, podemos jogar mais vezes e ter uma referência um pouco mais interessante a respeito das condições das equipes representadas pelos diversos municípios. Se, há poucos anos, disputávamos apenas um jogo contra Guarulhos e éramos desclassificados logo de cara. Agora, com o chaveamento das cidades, temos a chance de enfrentarmos equipes nas mesmas condições que as nossas, seja em termos de estrutura, seja na precariedade do incentivo esportivo dado aos atletas. O que ajuda a ponderar e comparar atuações. Se o foco do progresso é entender a diferença dos desempenhos das equipes campeãs e das equipes iniciantes, a Copa ajuda a perceber em que parte desse longo caminho estamos.
Entretanto, o que acabou prejudicando nossa participação esse ano foram as idas a locais demasiado distantes de Diadema. Cruzar a cidade para ir até Franco da Rocha ou Cotia em horários de trânsito tumultuado requereu uma improvisação na formação da equipe que, nunca pode contar com todos os seus jogadores, impedidos de irem aos jogos por não conseguirem ser liberados do trabalho, do estágio ou dos demais compromissos assumidos. Diante de nós, um dilema: ou chegávamos atrasados com uma equipe mais completa, ou chegávamos no horário, porém, sem todos os nossos jogadores. Resultado da organização dessa tabela desfavorável foi que acabamos perdendo um jogo, no feminino, por W.O. para Franco da Rocha nessa cidade e tivemos que ir para Cotia com apenas oito jogadores no masculino, num jogo importante de semifinal da fase regional.
Guarulhos e Cotia possuem grupos de atletas que estão disponíveis para os treinamentos em período integral. Nós, de Diadema, temos que começar nossos treinos a partir das 18:30h uma vez que os garotos só conseguem chegar para treinar nesse horário. Assim, marcarmos saídas antes desse horário, inviabiliza a participação completa do grupo.
Acredito que é possível tentar garantir uma participação mais consistente de nossas equipes se não tivermos que enfrentar de 3 a 4 horas de trânsito para chegarmos a tempo de disputar os jogos. Para se ter uma ideia do que passamos, um dos jogos foi marcado nas vésperas de um feriado em que se registrou recorde de congestionamento na cidade. Chegamos no local às 20:30h, pouco depois de ter sido confirmado o W.O.. Retornamos para Diadema e chegamos mais de 1 hora da manhã. Tivemos que contar com a boa vontade de nosso motorista que foi deixando cerca de 30 atletas em locais mais ou menos próximos de suas residências. Um esforço que desgasta e faz questionarmos nossa participação nos anos seguintes. Diante da estrutura que a SELT tem, poderia se pensar em ginásios neutros para a disputa desses jogos. Como exemplos possíveis, cito o Clube da Cidade Ibirapuera, o próprio Centro Olímpico, o Baby Barione e outros tantos clubes esportivos cujas sedes poderiam receber jogos dessa importância. Além disso, achamos que a quadra de Diadema, nas dimensões de 32 m x 19,80m não é ideal para a sede desses jogos, mas é muito melhor do que a que jogamos em Franco da Rocha e em Cotia.
Ao aceitarmos jogar tais partidas - e com equipes muito bem treinadas - expomos os jogadores a lesões desnecessárias e a um contato físico mais violento. Talvez, um dos critérios aos quais devamos atentar nesses momentos não deve ser apenas o da disposição da cidade em sediar os jogos, mas, mediante pequena vistoria, o de garantir o espetáculo de forma aceitável e com menos riscos a contusões causadas pelas condições da prática da modalidade.
Tudo se resolveria, volto a dizer, com a opção de se utilizar os equipamentos esportivos da SELT. Notadamente, quando as condições de deslocamento favorecerem muito mais uma equipe à outra ou quando a estrutura física da quadra não garantir a segurança e o bom jogo. Independente disso, farão a final na nossa região, duas equipes extremamente competitivas e inquestionavelmente merecedoras de terem chegado até onde chegaram. O que não aceitamos é uma participação passiva da SELT nos critérios mencionados.


Oito garotos, um desafio gigantesco: Diadema X Cotia

Mas, falemos do jogo e da heroica participação de Diadema. Mesmo tendo ido para a partida com 8 garotos, não podemos desconsiderar o impressionante fato desses atletas terem se superado como poucas vezes vi um grupo fazer.
Cotia, que está disputando o Campeonato Paulista Adulto Masculino nesse ano e cuja equipe base é o próprio plantel da categoria júnior, tem levantado excelentes resultados contra equipes de tradição. Perderam da forte equipe do São Caetano por 9 gols e da tradicional Metodista por apenas 6 gols. Na Copa Estadual, fizeram um placar de, inacreditáveis, 65 a 3 contra Poá. Talvez, todo esse recente histórico de Cotia tenha assustado um pouco nosso grupo, o que fez com que entrassem em quadra cabisbaixos e pouco confiantes.
Cabe aqui um comentário. O handebol tem me dado várias lições. Tenho aprendido muito com elas. Uma dessas importantes lições é a de que entre equipes cujo nível técnico, de conhecimento, de treinamento e de organização são muito diferentes, o resultado inevitável estará do lado da equipe que reunir essas características. Se as equipes se equivalem nessas características, o valor dado à preparação emocional, ao estudo do adversário, à exploração tática nas variáveis do jogo e ao poder decisão de atletas acima da média determinará o vencedor. Então, mesmo reconhecendo a superioridade de outra equipe, lutar sem esmorecer e jogar o handebol no máximo de nossa condição são responsabilidade de cada jogador e dos valores trazidos com cada um de nós.
Ser digno na derrota e na vitória. Aí, nesse terreno imperceptível de disputa, nenhum resultado é maior do que a disciplina (não falo só da disciplina técnica e tática durante o jogo, mas de uma disciplina que mostra o valor do que sabemos e do quanto estamos dispostos a mostrar isso em quadra e fora dela), do que o respeito ao adversário que joga melhor, do que a ética diante de momentos complicados em que nos expomos ao contato ou quando não nos conformamos com os erros, bem como do reconhecimento nem sempre fácil da superioridade da outra equipe. Se queremos algo, temos que entender que não se chega ao topo sem esforço, de paraquedas.
Basta fazermos uma insistente e profunda reflexão do quanto ainda queremos avançar, do quanto ainda estamos dispostos a tentar, do quanto iremos nos sacrificar para chegarmos até onde nos propomos. Não basta dizermos: “Quero me tornar um atleta da Seleção Brasileira”. Temos de reunir - dada a realidade da modalidade - as características físicas favoráveis; a habilidade sempre treinável e passível de aprimoramento; a visibilidade de um clube que nos permita aparecer para quem detém o poder de escolher os jogadores; a inteligência de um jogador que decide bem sob momentos de complexa desvantagem e que reúne as qualidades de um bom jogador tanto defensiva quanto ofensivamente. Além disso, deixei por último, o que vejo como principal fator e que garante o sucesso e o diferencial de um atleta: sua capacidade de se manter focado nesse objetivo durante toda sua vida esportiva, de não se desvirtuar ou se perder com tantas outras falsas promessas e repetidas desilusões.
Geralmente, o atleta com essa capacidade, é o atleta que podemos ver sempre aplicado ao treinamento; o atleta que escuta, tenta executar e melhorar a cada chance que tem; o atleta que encara cada desafio por maior ou menor que seja, com a mesma determinação, com o mesmo esforço, sem se melindrar com os fracassos. Esses atletas são raros... E essa formação que devemos querer alcançar como atletas e como pessoas.
Em alguns momentos, como os do jogo contra Cotia - não obstante, as indefinições e hesitações -, nossos atletas têm mostrado traços dessa determinação tão importante. Um jogo que começou sem vigor, sem entusiasmo. Desconsolados que estávamos com a derrota inevitável, jogávamos nos primeiros dez minutos, como se uma obrigação das mais severas tivesse sido imposta a nós. A diferença no tamanho, na força, na disposição tática era tamanha que nossos garotos transferiam isso automaticamente para o empenho que imprimiam dentro de quadra. No início da partida, eu não tinha dúvida de que perderíamos desonrosamente. Mas, algo foi sinceramente mudando dentro deles no decorrer da partida. Na hora do arremesso, eles eram desequilibrados no ar. Com a mesma força que nossos garotos vinham em direção ao gol, uma reação defensiva dos adversários dobrada no ímpeto se dirigia contra os garotos. Assustaram-se. Cinco minutos de jogo e mais de 4 interrupções de jogo já tinham sido dadas para socorrermos nossos atletas. A mais grave do Wellington que, também desequilibrado no ar, caiu sobre a mão esquerda e permaneceu no chão, sentindo muita dor. Quando o Wellington fica no chão é porque algo grave ocorreu. Mesmo assim, ainda continuou até o final do primeiro tempo fazendo de tudo para ajudar os companheiros. Voltamos com um a menos na linha. Guilherme fez as vezes de atacante e defensor: jogou bem e não comprometeu o jogo. Deu até mais esperança a nós.
No primeiro tempo, não conseguiam, os garotos, arremessar de forma eficiente. Um engajamento sem objetividade deu a tônica de um ataque fraquejante quase o tempo todo. Fiquei meio desesperado porque sabia que estavam jogando bem menos do que podiam jogar. Eduardo se escondia no pivô; Luiz errava demais os arremessos; Márcio começou a partida desatento na recepção e na colocação defensiva, o que permitiu um número enorme de arremessos bem sucedidos do ponta esquerda de Cotia; Japa pouco recebia a bola e quase nada pôde fazer. Depois da lesão do Wellington, veio para o centro e conseguiu fazer com que a equipe imprimisse um pouco mais de velocidade. João Pedro, de armador esquerdo, também não conseguiu desempenhar o que podia e havia treinado no dia anterior em que a velocidade do seu deslocamento e a rapidez das fintas e ações de passe o diferenciaram.
Fomos para o segundo tempo. Por mais que dissesse a eles que o resultado não era importante, eles é que deveriam incorporar essa mensagem e agir de forma mais leve, mais alegre. Pedi um jogo em profundidade com o pivô e uma circulação mais constante dos pontas como segundo pivô a fim de tentarem evitar um contato muito violento dos armadores em deslocamento com a defesa, que agora teria que se preocupar muito mais com os pivôs colocados ao lado do marcador lateral e no centro. João Pedro achou o seu jogo e fez assistências magníficas para o pivô, liberou-se para o arremesso e conseguiu imprimir um diálogo melhor com o ponta e o centro. Eduardo no centro teve a tranquilidade para fazer seus arremessos precisos em primeira passada sob o bloqueio dos dois altos marcadores centrais de Cotia. Luiz, com suas fintas mais precisas, conseguiu encontrar os espaços necessários para chutes certeiros. Japa teve que se sacrificar na ponta direita, mas atuou de forma irrepreensível na defesa, roubando bolas e fazendo uma marcação individual eficiente nos momentos em que foi requisitado para tal tarefa. O jogo dos garotos se soltou. Leonardo também se machucou em um dos lances mas, para nossa sorte, conseguiu manter-se firme durante o restante do jogo, atuando até melhor do que no primeiro tempo.
Agora sei. A atenção do goleiro, a difícil arte de defender e agir praticamente sozinho durante o jogo, depende fundamentalmente dessa confiança do grupo e do seu empenho e vontade de querer ganhar. De uma forma ou de outra, o espírito dos jogadores de linha determinam a ação dos goleiros. O contrário também é verdade. Não para esse jogo. A virada foi dada pelos jogadores de linha que perceberam o quanto puderam igualar o jogo em competitividade.
Mesmo sem o Wellington, nós revertemos o jogo. Se, no primeiro tempo, o placar mostrava uma diferença de 14 gols; no segundo tempo, jogando de modo mais consistente, acabamos ganhando por uma diferença de um gol. Perdemos de 13 gols o jogo, mas saímos - ao menos, foi o que senti - vitoriosos nessa postura, no comprometimento e por mostrarmos que temos jogadores talentosos.
Como não se encantar com isso? Como não dar valor, agradecer, por termos garotos tão honrosos e talentosos? Como não perder o fôlego e surpreender-se diante do fato de que são poucos os momentos em que tudo o que fazemos pode nos encher tanto de sentido como foi constatado ao final da partida?
Quando Cotia começou a rodar seus jogadores, percebemos que tirando os sete que iniciaram a partida, o padrão deles diminuiu e igualamos um jogo, em princípio impossível de se ganhar. Percebemos que reunir tantos garotos de talento é algo realmente difícil e que devemos nos sentir privilegiados por fazer parte de um grupo que transforma o obstáculo em desafio a ser transposto. E nossos garotos, com o talento que possuem e a vontade que demonstraram em quadra, conseguiram isso. Sinto-me orgulhoso desses jogadores que estiveram atuando contra Cotia. Guardem esse dia na lembrança de vocês. Não tenho dúvidas de que se tivéssemos o grupo completo para o jogo, faríamos uma exibição ainda melhor, um dando apoio ao outro da forma vibrante como sabem fazer.
Herois surgem assim...

Não estou falando dos herois dos quadrinhos com seus superpoderes e suas ações irrepreensíveis. Falo de um valor conquistado na experiência dos dias e testado no conflito, na dificuldade. No momento em que tudo poderia dar errado, eis que se conquista esse mágico toque que garante a diferença. Falo do atleta comum que, se exigido no limite, se tocado em seu brio e paixão, se transforma e é capaz de passar por cima de todas as predeterminações de juízo e fazer seu próprio caminho. Falo do atleta que faz de cada momento seu na quadra uma extensão daquilo que pulsa e vibra dentro de si. Aquela força que, incapaz de conter-se, extravasa-se. O que antes era limite, fronteira, ora se transforma em horizonte. Tudo pode se ver a partir desse raio que corta o momento, que destroi o medo e impulsiona o grito contido; que faz um gol valer mais de dez.
O atleta se consagra para si mais do que para os outros. Porque só ele, lá no fundo, sabe o quanto representa cada segundo dessa conquista pessoal, dessa marca. Uma marca sem sentido para a maioria - pois, no nosso caso, não resultou em vitória no placar -, mas um sinal de uma mudança, um sinal da incorporação, da aquisição de coisas impalpáveis, invisíveis. Será esse presente, forjado no calor de uma batalha honesta, justa e bonita, uma espécie de porto seguro, de cofre secreto, que acalentará a alma do atleta em seus momentos de dificuldade.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

VI São Caetano Cup: alguns comentários sobre o panorama do handebol amador.




Mais um ano de um São Caetano Cup sob nova organização. Mais uma participação, a quarta, em seis edições de torneio. Um grupo em formação no masculino e de reestruturação no feminino. Ambos de frente com seu teste mais desgastante... Esperar muito para jogar, enfrentando os atrasos das partidas e o cansaço inevitável do acúmulo de jogos e de treinos. No entanto, diante das poucas chances de se jogar torneios de curta duração durante o ano e da importância que o evento tem no cenário nacional do handebol, é sempre bom termos contato com outras equipes, mesmo com a possibilidade de nos frustrarmos com nossa atuação. Difícil não concluir diante dessa experiência que, de alguma forma, o handebol no Brasil vem crescendo.
Víamos equipes quase sem estrutura alguma, começarem a mostrar, nos últimos 5 anos, um padrão de jogo mais consistente, uma forma de jogar mais estruturada e atletas com uma formação técnica mais apurada. Como exemplo, podemos citar a própria final da categoria adulto feminino. FEFISA e UNIP/São Caetano se enfrentaram numa partida equilibrada. Uma equipe como São Caetano que treina todos os dias e possui em seu elenco notadamente algumas das melhores jogadores do Brasil, não encontrou facilidade para vencer a equipe da Fefisa formada também por jogadoras federadas mas que pouco treinam juntas. Mais equilibrada ainda foi a final do juvenil feminino, São Caetano conta EESP em que a primeira equipe venceu por apenas um gol de diferença.
Um crescimento visível, mas ainda incipiente demais frente ao restrito grupo de equipes federadas e um crescimento ainda menos expressivo quando vemos que os treinamentos — em alguns casos — cada vez mais sólidos e seguidores de padrões próximos dos europeus esbarram nas estruturas organizacionais deficitárias e pouco recompensadoras para os atletas. Um amadorismo tacanho às voltas com a entrada de conhecimentos mais profundos sobre a modalidade. Resultado disso, é a incompatibilidade de atendimento: muitos praticantes, mas também muitos talentos que se perdem no meio do caminho porque não encontram as chances de prosseguir.
Ou se faz parte desse restrito grupo de equipes que possuem uma forma (mesmo precária) de contrapartida aos atletas, como uma ínfima ajuda de custo, passagens para ir e voltar do treino e, em casos ainda mais raros, a bolsa de estudos nas faculdades, ou se acaba ajudando a engrossar o caldo de times com potenciais jogadores, com potenciais atletas que nunca poderão experimentar o gosto de seguir, de verdade, na rotina de preparação das grandes equipes. Mérito de quem consegue reunir essas condições de manutenção organizacional da modalidade nos padrões de equipes federadas.
Mérito dessas equipes e demérito de dirigentes pouco preocupados em elevar a um nível cada vez mais competitivo o maior número de praticantes possível. Demérito de federações e confederação que acreditam que para manter-se no poder é preciso perpetuar uma lógica de exclusão. Quando se percebe que há densidade e talento fora do círculo, o que se faz é ignorar sua presença ou desmerecer os esforços e eventos que acabam nutrindo as desassistidas Ligas, as pouco prestigiadas competições universitárias, as precárias equipes de prefeituras. No entanto, cada vez mais, percebe-se que o foco dado tem sido errado. Ao se privilegiar a meia dúzia de abnegadas instituições de tradição no handebol, o que se faz é apenas corroborar uma prática excludente. Os esforços dos dirigentes devem estar em aprimorar conhecimento, tornando-o acessível e universalizável; em pensar nas formas de trazer os diversos torneios a um nível organizacional aceitável; em perceber que tirando do ostracismo tais competições, a chance de descoberta de talentos esportivos é exponenciada. Ou alguém acha que é crível que uma seleção brasileira se forme a partir de uma base de pouco mais de 200 praticantes? Isso se levarmos em conta que os jogadores de nossas seleções são escolhidos desse grupo restrito de equipes.
Nós aqui de Diadema também crescemos: como equipe e como atletas. Só que temos que melhorar muito mais. Não há equipes tão inocentes, como antes se via a toda hora (dentre essas equipes, nós éramos uma delas). Os diletantes, os excessivamente amadores e as equipes formadas por atletas que se juntavam apenas para jogar os campeonatos começam a perder espaço na sequência dos campeonatos e nas decisões, essas cada vez mais disputadas e mostrando que os conhecimentos absorvidos — com ou sem a devida reflexão — começam a dar seus primeiros resultados. Os treinos dessas equipes passaram a ser melhor orientados e a buscarem alternativas de estratégias para o aprimoramento do entendimento do jogo por parte dos atletas, sua melhor condição física, tática e técnica.
Não basta mais que as equipes tenham jogadores bons individualmente (e isso já é algo que a própria evolução do treinamento tem produzido), se as equipes não se encontram para treinar cotidianamente, os resultados positivos irão se escassear. O nível de treinamento das equipes é que deve ditar a forma de preparação e as chances de uma equipe no campeonato. É isso que mostra um padrão de evolução dentro das competições no Brasil. Estamos começando a perceber isso para o bem da evolução do handebol brasileiro. Se não estamos dentro do círculo restrito das equipes federadas, fazemos parte de uma densa atmosfera de jogos e competições que começa a ditar muitos dos parâmetros dessa evolução. O que temos que lamentar é que esse progresso ainda vem de forma desorientada, não assistida e pouco divulgada.
Quem tem o conhecimento não passa adiante, transformando, inadvertidamente, esse saber em poder. Um poder mesquinho, é verdade, mas que ajuda a assegurar a competitividade entre poucos grupos que se revezam nas esferas decisórias da modalidade, nas convocações, nas formas de obtenção e divulgação dos conhecimentos e nos intercâmbios.
Assim fomos nós para mais essa edição do torneio que novamente contou com equipes de outros estados e equipes federadas, mostrando a importância de tal torneio para a modalidade em começo de temporada. O feminino mostrou-se mais uma vez forte. Mesmo sob uma instável participação, garantiu um honroso terceiro lugar, perdendo na fase classificatória para São Caetano e deixando a desejar na semifinal contra a FEFISA, jogo que mostrou que algumas arestas precisam ser aparadas e que o treino precisa ser fortalecido. Garotas talentosas e habilidosas que não conseguiram mostrar em quadra a superioridade que possuem. Graças a elas, no entanto, não passamos em branco.

Fosse pelos garotos, a história seria diferente. Se bem que para eles, e dado o excelente nível da final do Campeonato entre Atibaia e FEFISA, as vitórias seriam inesperadas demais diante de um processo de consolidação de um grupo que tem muitas peças novas e alguns ajustes a realizar, tanto em termos de padrão de jogo, de retomada de condição física ideal e, principalmente, de uma aquisição de uma postura de atleta, seja nos jogos, seja nos treinos. Não tenho como desmerecer a atuação desses garotos que muitas alegrias ainda darão este ano e cuja atenção principal se volta para o ano que vem, momento em que entraremos, se tudo correr como previsto, nessa esfera restrita das equipes federadas. O primeiro jogo começou mais de meia-noite. Alguns atletas foram dispensados porque iriam ficar sem ter como voltar do Clube Mané Garrincha, outros porque iriam trabalhar muito cedo e outros, cansados, ainda se dispuseram a jogar.
Num jogo em que tínhamos tudo para vencer, fomos cedendo em atenção e em empenho na antecipação defensiva o que foi dificultando as ações no ataque que se tornaram precipitadas e muito sujeitas a erros. Perdemos o primeiro jogo, um jogo que, modestamente, deveríamos vencer. No segundo jogo, contra a USCS, a equipe mais forte (mas que acabou surpreendida pela equipe do Hand Positivo) nos deu trabalho, mas voltamos a jogar bem e não fossem alguns erros em finalizações, algumas sobras no pivô e algumas desatenções dos goleiros em arremessos fáceis e em contra-ataques realizados de forma errada, não teríamos perdido o jogo, não obstante, a diferença de um gol pudesse ter sido revertida nos nove segundos finais com uma falta a nosso favor em que o Luiz não teve a clareza de, ao receber em condições, arremessar, preferindo fazer a assistência ao pivô.
Aí, fomos para o terceiro jogo... Depois da uma da manhã, já estávamos eliminados e nossa disposição caiu muito, enquanto que a surpreendente equipe do Hand Positivo disputava a liderança da chave com a gente. Achei que a vontade que os garotos estavam de ir embora era muito maior do que a vontade de ganhar o jogo, exceção feita a alguns, principalmente ao Bruninho, que tem se aprimorado nessa tão importante característica do handebol moderno que é defender com inteligência, antecipação e percepção da movimentação do ataque adversário. No entanto, afora as incorreções defensivas que precisarão ser muito refletidas e sanadas, os garotos para as condições em que se apresentava o jogo, foram bem.
Nesse jogo e também no torneio, em geral, aproveitei para fazer alguns testes na troca da defesa para o ataque, colocando o Heitor como armador central, o Gustavo como ponta esquerda e aproveitando o Eduardo como pivô. Aliás, essa é uma posição em que falta encontrarmos o jogador certo, ainda mais quando o Eduardo tem sido importante na armação do jogo, apesar de não ter ainda adquirido a confiança necessária para que a posição necessita. Outro jogador cuja experiência me valeu ao seguir a sugestão da Ananda, foi a do Wellington como armador central em alguns momentos dos jogos. Ainda tenho que dizer que não contando com João Pedro, tanto na ponta como armador “chutador” e com o Japa como ponta e também na armação do jogo, limitamos nossas possibilidades de troca e de manutenção do padrão de jogo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Copa Estadual 2009


Franco da Rocha 15 x 29 Diadema
[Na foto, a Silvana estreando como parte da Comissão Técnica da Copa Estadual]
Saímos na quinta-feira, véspera do feriado de Páscoa o mais rápido que podíamos. Tudo congestionado. Resultado: w.o. no primeiro jogo. Chegamos às 20:30h. Nada de acordo e a frustração por sabermos que tínhamos uma equipe muito boa para enfrentar Franco da Rocha no feminino.
Restou a chance de jogarmos, com o masculino, o jogo seguinte também contra Franco da Rocha. Como estávamos teoricamente com a equipe mais inteira e já havíamos ganhado de Franco da Rocha na categoria adulta pela Liga, acho que acabamos por perdermos um pouco o fogo do jogo e acabamos nivelando o jogo por baixo. Apresentamo-nos mal, pouco estimulados que estávamos, cansados por termos ficado 3 horas num ônibus sem conforto e por termos visto a derrota por w.o. das garotas. Talvez sejam esses alguns dos motivos, mas certamente, não podemos nos deixar contagiar por fatores externos e por oscilações tão grandes em nossas atuações. Todos os garotos têm condições, acima da média, de realizar partidas num nível técnico muito aceitável para os padrões que o nosso handebol atual tem apresentado. Jogar de forma inteligente e sabendo atuar sob condições diferentes (muitas vezes, adversas), é fundamental para irmos adquirindo a experiência e o volume de jogo necessários.
Muitos arremessos desperdiçados, assim como os contra-ataques. Uma defesa apática, reativa, pouco antecipativa fizeram com que o resultado não fosse tão bom quanto o esperado.
Aproveitamos o jogo para testar algumas posições, tanto defensivas quanto ofensivas. João Pedro como Armador Esquerdo, Gustavo na Ponta Esquerda, Victor como Pivô. Eduardo de Armador Central e de Armador Direito. Tudo para tentarmos experimentar situações e lidar com improvisos de jogo. Além disso, foi a estreia do Arthur esse ano. Jogou bem e foi crucial em dois ataques e num contra-ataque muito bem executado, ao estilo dinamarquês. A nota negativa é que o Wellington, mais uma vez, se machucou. Torceu o tornozelo. Espero que a recuperação ocorra rapidamente. Além disso, o Gaúcho, numa queda, machucou-se e o Alemão também sentiu um pouco o tornozelo. A quadra não ajuda: menor que a do Mané em comprimento e, principalmente na largura, o que torna o jogo mais aberto ao contato e mais propício aos acidentes em choques constantes.
Diadema X Guarulhos (14/04)
Mais um dia de jogo, mais uma ida a Franco da Rocha. Seu ginásio central é bem localizado mas impróprio para a prática do handebol. No entanto, por termos perdido a chance de sediar os jogos da Copa, lá íamos nós para mais uma viagem desconfortável, num ônibus impróprio para um percurso tão grande e num horário complicado. Por isso mesmo, não pudemos contar com grande parte dos garotos. Heitor fazendo estágio, Piu-Piu no seu novo emprego, Jefferson que não conseguiu também ser dispensado do seu trabalho, Gaúcho que só conseguiu jogar 15 minutos do primeiro tempo e mais uma vez pegou o trem às pressas para chegar à meia-noite no seu serviço de atendimento telefônico. Além disso, Wellington estava se recuperando do entorse sofrido lá mesmo, cinco dias atrás, no primeiro lance contra Franco da Rocha. Alemão, Luís, Japa e Gustavo, sentindo o esforço dos treinos de preparação física não estavam em sua condição máxima.
Do lado das garotas, a equipe Sub-21 está se reestruturando, aprontando-se para nestes dois meses seguintes, irem imprimindo o ritmo que os treinos preparatórios para os Regionais precisam ter. Perder, nesse momento, não é motivo de preocupação, uma vez que a consistência de uma equipe virá com o fortalecimento das sessões de treino. Trouxemos uma equipe de garotas na justa medida para disputar o jogo. Os novos reforços, Carol e Letícia, estão começando a se juntar ao grupo e ainda precisam ganhar mais forma física e retomar os níveis de habilidades que possuíam. Natália, Érika e Marianne estão vindo para juntar forças. O jogo contra Guarulhos serviu para perceberem que se quiserem compor a equipe, precisam treinar muito. Destaco da partida que é sempre muito bom jogar contra equipes bem treinadas. Assim, a gente pode ver o caminho que precisamos percorrer para chegar em nível de igualdade. Boas atuações. Pamella e sua força de vontade contagiante, Nadya e a seus arremessos precisos. Jade, um pouco apagada pela falta de entrosamento com Letícia, mas sempre vibrante e incentivadora. Não tenho dúvidas de que, se treinarem bem, poderão alcançar desempenhos muito aceitáveis nos Jogos Regionais e garantir a vaga para os Abertos na segunda divisão.
Os garotos, em outro ritmo, perceberam que um grupo se fortalece nos momentos difíceis. Se todos acreditarem na importância dos treinamentos e da preparação física, conseguiremos, antes do esperado, surpreender equipes bem mais experientes. O momento está chegando, mas ainda não veio. Fizemos um excelente primeiro tempo, mesmo com a quantidade desmedida de erros de arremesso. João Pedro está ainda se adaptando à nova posição de armador esquerdo e, por isso mesmo, desperdiçou importantes ataques. Ainda não conseguimos criar os espaços necessários para se garantir ataques mais eficientes. No entanto, saímo-nos bem em situações de um contra um, em infiltrações oportunas tanto do Luís quanto do Japa. A falta de entrosamento com o Victor no pivô, dificultou o jogo em profundidade, tornando cada ação no ataque previsível demais. O ponto forte, sem dúvida, foi a ação defensiva que, postada no 6:0, teve a cobertura necessária uns dos outros, principalmente do Alemão no centro da defesa, possibilitando as flutuações dos laterais e a pressão do marcador um sobre os armadores. Pena que não conseguimos manter essa mesma disposição defensiva durante todo o jogo. O placar empatado mostrava ao final do primeiro tempo que o jogo iria ser definido taticamente, em favor da equipe que conseguisse jogar em cima das deficiências uma das outra.
O segundo tempo foi marcado por uma apatia defensiva, o que fez Guarulhos se aproveitar muito bem e abri os gols logo no início e levar a vantagem com folga até o final da partida. Alemão na armação do jogo surpreendeu com arremessos precisos, um engajamento mais ofensivo, o que vem garantindo a ele realizar seguidas partidas com um nível técnico muito bom, o que o ano todo anterior não foi possível ver. Japa sempre importante mostrou-se muito bem na ponta esquerda e no centro. Luís, insuperável; Guilherme, encantador. Luís com arremessos fortes e precisos, além das fintas e assistências desequilibrantes, o que o torna um jogador cada vez mais completo, pois, defensivamente também tem mostrado uma vontade e uma noção de cobertura e antecipação cada vez mais consistentes. Guilherme bem colocado e explosivo foi decisivo em algumas bolas cara a cara e em arremessos de longa distância. Sem dúvida, o que mais empolgou a nossa torcida. Victor vem crescendo nos jogos. Gaúcho mostrando o quanto gosta de jogar handebol. Duas horas e meia de viagem, quinze minutos de jogo e a volta de trem para trabalhar. O que posso eu querer mais dos garotos que tenho na equipe? Alguma outra equipe merece tanto quanto a nossa merece por se esforçar tanto e conseguir reverter quadros negativos. Sei que poderei confiar nos atletas que tenho. Se depender dessa vontade que todos têm mostrado, iremos longe.
Não vencemos o jogo, mas mostramos que estamos nos tornando uma equipe competitiva e que é capaz de surpreender jogando um handebol de qualidade, taticamente organizado e, sobretudo, alegre.
O masculino ficou em segundo no grupo e aguarda resultado do sorteio para ver qual será o próximo jogo na Copa cuja sede provável será ou Guarulhos ou Franco da Rocha ou Cotia.

domingo, 5 de abril de 2009

A segunda rodada da Liga no Clube da Cidade Ibirapuera: confusão com CPH.


As afinidades começam a aparecer dentro da comissão técnica e o respeito mútuo vem aos poucos prevalecendo. Quero dizer que a ajuda que o novo técnico do feminino, Marcos, vem me dando no dia-a-dia e no acompanhamento aos jogos tem sido muito valiosa para mim. O Marcos tem uma destacada maneira de arrumar a equipe para cada jogo, variando defensiva e ofensivamente a equipe. O que para mim era estranho vem acarretando um excelente resultado na quadra. Os treinos que enfatizam os fundamentos e a técnica individual surtem o efeito necessário na eficiência que as garotas começam a demonstrar no jogo. O feminino começa, pouco a pouco, a alargar os limites de habilidade dos quais partiram.
O fato é que o feminino conquista sua segunda vitória na Liga diante de uma equipe experiente como é o time Dinas USP, composto por ex-alunas dessa universidade. Um começo arrasador — em que se chegou a abrir 4 gols de diferença apesar de outros tantos ataques disperdiçados — foi substituído por uma errada acomodação das garotas. O placar na vantagem apertada acabou se mantendo até o final da partida. Uma boa colocação da goleira Débora no arremesso de 7 metros garantiu a vitória ao grupo. Podemos destacar também a excelente participação da Lígia, tanto na defesa quanto no pivô. Um engajamento forte permitiu que nossas pontas pudessem aparecer bastante também. Nota elogiosa merece a Deusa que vem ganhando progressivamente sua melhor forma física, o que nos faz lembrar de tempos anteriores em que essa ponta muitas alegrias pôde dar a Diadema. A Manu vem se soltando e desempenhando um excelente papel na armação direita.
O grupo começa a ganhar a cara que queremos. No entanto, ainda é preciso criar um jogo com mais consistência e mais homogeneidade durante todo o tempo. Como já dissemos em outra ocasião, o ritmo tem que ser ditado por nós e não pelos nossos adversários.




CPH 24 x 19 Diadema
De um lado, um adversário experiente, com jogadores habilidosos — e que, apesar da idade, conseguiram manter um jogo sempre veloz e criativo, sobretudo, na assistência ao pivô e nos passes que encontravam os armadores em condições para o arremesso mais franco —, mas excessivamente truculento e descontrolado. De outro, uma equipe, cujo espírito de união está se construindo ainda e no qual o trabalho, no início, ainda deixa transparecer as carências de posicionamento, de resposta sem bola junto aos espaços criados e de um entendimento mais acertado das funções defensivas.
Apesar disso, estou vendo nos garotos, em diferença ao primeiro jogo que a garra, a vontade de vencer vêm crescendo. Elas só precisam ser mescladas com a inegável necessidade de entrosamento e da utilização dos pontos fortes de cada jogador em cada momento do jogo. Jogar bem é saber explorar no jogo essas potencialidades que temos em abundância. Além disso, não podemos negar que jogar com uma equipe mais corpulenta (como vai ser a tônica de todos os jogos na Liga), mais experiente e mais violenta afetou muito nosso desempenho. Na quadra, temos que saber tirar proveito de instabilidades emocionais. Só não conseguimos fazer isso quando quem se torna mais desequilibrado em quadra somos nós mesmos. Perder o foco do jogo, vacilar na conclusão de um arremesso, de um passe, ficar desatento na defesa geram erros que serão somados e determinarão, ao final do jogo, o vencedor. A maturidade, bem o sabemos, garante os bons resultados quando o jogo se equilibra tecnicamente ou quando, como acho que foi o caso ontem, nossa técnica não consegue encontrar espaço dentro de um jogo tenso e cheio de infrações, às vezes, desleais. Quem se indigna com um erro de arbitragem e deixa isso “subir à cabeça”, provoca incertezas, torna-se suscetível aos erros de fundamento e acarreta falta de atenção, em si mesmo e no grupo todo.
O jogo foi coroado de boas apresentações. Destaco aqui a excelente participação do Japa, crucial nos arremessos da ponta esquerda em momentos delicados do jogo e por sua armação consistente e ousada, apesar da diferença de tamanho frente aos defensores. Heitor também está começando a mostrar mais entendimento do que é jogar em Diadema, numa equipe que ainda está engatinhando no handebol, mas que muito tem a mostrar.
Experimentamos uma defesa 3:2:1, apesar de termos feito apenas um treino com ela e no qual não pudemos contar com todos os garotos. Apesar de ainda estarmos aprendendo a agir numa defesa assim (o prolongamento do jogo fez ela se tornar um 5:1, mais que um 3:2:1, ainda mais diante do uso constante de dois pivôs colocados principalmente entre os laterais) contamos com uma partida muito vibrante do Alemão, um base à altura de sua função. Mostrou garra e uma noção de cobertura que outros jogadores não têm, apesar disso também ser seu ponto negativo uma vez que na excessiva e precipitada ajuda defensiva, acabava por desproteger o centro da quadra tornando-nos muito vulneráveis na assistência ao pivô.
Por falar em defesa, o Bruninho se agigantou mais uma vez... Importantíssimo no primeiro tempo — e, confesso, deveria ter aproveitado-o no segundo tempo. Como optei por arremessadores de longa distância e por ter ficado difícil a troca atravessando a quadra toda, o Bruninho não foi utilizado no segundo período. De toda forma, ele não marca bem apenas na posição um, mas faz um auxílio muito eficiente na marcação ao pivô e no 2 x 1 frente ao armador. Sempre tive como convicção no handebol que um bom jogador se forja na defesa. Vejo um jogador que marca e bem e é impossível que ele não se torne útil numa equipe. Um jogador que marca bem, faz a diferença: Bruninho, você faz, definitivamente, a diferença.
Jefferson, que se destaca por sua capacidade de ler o jogo no ataque e se posicionar favorecendo a ação dos armadores, também não esteve inspirado no ataque, cometendo muitos erros técnicos. Sua defesa sempre empolgante, no entanto, fez a compensação.
Gustavo e Wallace também começam a me agradar cada vez mais. Ao Wallace falta um posicionamento defensivo mais focado no jogador com a bola e na flutuação mais profunda para se tornar menos vulnerável na finta 1 x 1. Gustavo defendeu bem e substituiu muito bem o Luís na armação direita. Leo foi responsável por defesas muito boas, mas sua boa atuação acaba diminuindo quando o emocional toma conta dele. Precisamos trabalhar isso. Gaúcho está se aprimorando nessa marcação de avançado. Roubou uma importante bola no começo do jogo e dificultou muito a ação dos armadores. No ataque, ainda falta encontrar os recursos necessários para cada tipo de arremesso nas condições diferentes do espaço que o ponta tem. Ainda tenho que falar do Piu-Piu, que nesse jogo em especial não entrou no jogo, mas tem mostrado pra mim o quanto, além de gostar de handebol, melhorou no seu desempenho dentro da quadra. Percebo que será, como tem sido, muito importante neste ano de 2009.
Luís e Speedy mantiveram e mantêm a mesma disposição, o mesmo talento e estão ajudando a dar identidade ao nosso grupo. Cascata que é outro jogador imprescindível para Diadema, não encontrou seu melhor jogo. Muitos arremessos disperdiçados, muitos erros de passe e uma recepção oscilante não contribuíram para ele ser o destaque que ele sempre costuma ser. No entanto, como todos sabemos do potencial que ele tem. Aguardaremos uma nova partida, em que, surpreendentemente, ele nos encante, como sempre faz.
Não tenho dúvida de que do primeiro para o segundo jogo aprendemos mais e incorporamos a derrota de uma forma positiva. É assim que tem que ser: discutir os erros, aprender com eles e não repeti-los. Quantas vezes não acabamos vencendo um jogo, mesmo sem o merecer? E quantas tantas outras vezes, por detalhes, deixamos escapar uma vitória que estava — literalmente — nas nossas mãos? O handebol nos emociona pelo seu grau de imprevisibilidade, por sua plasticidade, por sua capacidade de nos fazer arrancar-nos do chão e querermos gritar, participar, ajudar, entrar na quadra e mostrar o nosso talento em toda sua possibilidade. Por isso, mesmo é que acho que o que fazemos não é simplesmente jogar. Dedicamo-nos a uma paixão que nos dá sentido. Mas ela só conseguirá se mostrar em todo o seu valor se cuidarmos dessa paixão. E como fazemos isso no handebol? Treinando, treinando, treinando, aprendendo com os treinos e com nossos colegas e nos fortalecendo.
Não falarei sobre a confusão. Quem joga tem que estar preparado para a guerra. Tem que saber que o melhor caminho é ser prudente, centrado no handebol e não na confusão. Tem que saber “descontar” na bola e não no adversário. Tem que saber que ser corajoso, é jogar seu melhor handebol apesar de achar que injustiças foram cometidas. Tem que perceber que a maior demonstração de hombridade, é afastar-se da briga e aproximar-se de um jogo o mais leal possível, é enfrentar na habilidade e no talento. Não na violência. Por isso, estou contente. Aprendemos algo com essa derrota. Espero que possamos mostrar isso nos próximos jogos.