terça-feira, 30 de junho de 2009

Atacar e defender: Diadema 44 x 24 Biologia USP




Não tem aquela máxima que diz que o ataque é a melhor defesa? Pois, é. No handebol, acho que essa máxima não se aplica de jeito nenhum, nem contra equipes teoricamente mais fracas. E quando digo não se aplica, quero dizer que atacar simplesmente por atacar, acreditando que esse aspecto do jogo é o único a ser levando em consideração acaba não deixando no ar aquela sensação revigorante que se tem após as partidas bem jogadas.


É claro que se levarmos em conta a velocidade que o jogo tem tomado e as alterações recentes de regra, facilitadoras da reposição rápida da bola em jogo, poderemos entender que, numa situação muito bem treinada contra uma equipe inexperiente, o gol tomado se reverte num gol a nosso favor através da chamada “saída rápida”. Mas não é isso apenas que garante a vitória e, mais do que isso, essa dita sensação recompensadora por ter feito o máximo possível e por ter desenvolvido um bom handebol. É a defesa, a aplicação dos fundamentos defensivos com inteligência e vontade que fazem a diferença num jogo em que se pretende mais solidez e mais plasticidade, mais dinamicidade na continuidade das ações que se seguem à roubada de bola, à defesa e às antecipações propiciadoras da quebra do ritmo do ataque adversário. A partir de uma defesa bem estruturada se organizam os contra-ataques, cada vez mais necessários no contexto do handebol moderno; a partir de ações defensivas coordenadas se facilita a ação do goleiro; combinando ações de auxílio defensivo e troca, permite-se a mais adequada marcação frente às ações do ataque adversário; utilizando de forma consistente as diversas opções de defesa em zona e individual, garante-se a superioridade que permite uma ação mais coletiva.
Atacar bem é, de alguma forma, saber se portar diante de uma defesa, produzindo ações que produzam os espaços necessários aos arremessos. Atacar é o que faz o handebol visualmente ser o espetáculo que tanto encanta seus praticantes e o público cada vez maior. Mas por isso mesmo. Por mostrar tantos gols, por empolgar com seqüências de movimentações que fascinam os espectadores que, no mínimo detalhe, uma roubada de bola, uma antecipação propiciadora de um contra-ataque, fazem também nossa atenção se voltar pela forma envolvente com que a defesa trabalha e se esforça para impedir a conclusão dos arremessos adversários ou vai conduzindo o ataque para cair nas suas armadilhas e estratégias.



Num dos cursos que fiz, o Washington Nunes dizia que é preciso fazer com que os jogadores se divirtam ao estar em exercícios que solicitem as qualidades de defensor. E ele tem razão. Um bom defensor é aquele que se sente motivado o tempo todo e se aplica ao máximo na interpretação das ações do ataque. Defender é um ato constante de interpretar, prever e reagir corretamente às ações de ataque. Não há treinador que dispense um bom defensor, mesmo que ele não seja tão eficiente no ataque, uma vez que as trocas constantes no handebol permitem essas opções táticas sempre que solicitadas no jogo, mesmo ainda com toda a velocidade de reposição criada a partir das mudanças de regras. Ou seja, um bom defensor é peça útil demais e objeto de treinamento exaustivo.