sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma equipe de bronze




O ano terminou. Sem sorrisos e sem a emoção devida. Recolhemo-nos, entregamos os uniformes, rápidas despedidas, poucas palavras. Uns destemperos suportados em nome de um vínculo que não se quer quebrar e a percepção que o desabafo da quadra não é o desabafo de um jogo, mas de uma história jogada fora, por saber que um ano que não termina bem nem chegou a existir de fato. Copa Estadual ficou no... quase. Regionais, ficou num decepcionante quarto lugar. Na Liga ficamos em terceiro.

Uns cacos aqui, outros ali. Fui apenas conivente com um grupo que se acostumou a exigir-se bem menos do que se deveria para quem está querendo buscar algo. Intercalamos com o jogo de uma semifinal grandiosa na Liga contra Mogi, um previsível e desinteressante jogo do Primavera em Diadema.

Resumo de uma queda: valho bem menos que o bronze que colocaram no meu pescoço.

Chateio-me comigo mesmo. Por ser pouco exigente em alguns momentos, acostumado que estou com uma estrutura que não favorece e que acaba soando sempre como muleta de erros próprios. Merecemos o lugar que ficamos e no esporte, ser terceiro é nada. Todo treino tem que ser encarado como jogo de final.

O envolvimento é medido pelo desvio de uma meta. Explico-me: quanto mais distantes estamos daquilo que, consciente ou inconscientemente, nos motiva, menos nos envolvemos. Para alguns, estar na quadra, ser jogador, é só uma distração, um passatempo. E por isso, sempre nos envolveremos bem mais quando encontramos algo que nos dê esse motivo. O handebol me dá essa motivação. Para mim, estar na quadra, me dá sentido. Mas para quantos de nós estarmos fazendo o que fazemos, enche-nos desse sentido?

Por isso ressinto-me dos erros que cometo e das falhas que deixo passar.

Ganhar ou perder é só um pequeno pedaço de uma lição... Fica para nós a lição de que talvez devêssemos nos aplicar mais, pudéssemos ser mais batalhadores, pudéssemos ser mais companheiros no treino, quiçá mais obstinados, mais inconformados. Aquele fôlego a mais, aquela gota de suor a mais, fez diferença. Aquela chance não dada ao escutar... Ah, isso faz falta um dia. E que fique claro, posso substituir, sem medo de perder a licença poética, a palavra "treino" por "dia-a-dia".

Hoje é só dia 11. Ficarei recolhendo aqui e acolá esses cacos, que se reciclados, torcerei para darem numa bonita escultura de um homem com a mão erguida para cima e o olhar perdido no horizonte. Poderia bem ser uma estátua de bronze e poderia também se divisar no rosto dessa escultura saída das sobras daquilo que hoje não tem valor uma compenetrada feição e um sorriso indisfarçável.