quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pequeníssimos passos. Invisíveis avanços.






Eu, com minhas lembranças, pego-me pensando que gostaria de ter tido professores mais rígidos, mais insistentes, mais provocadores. De lá teria tirado mais lições, mais situações para me colocarem à prova. Aqueles que me foram pretensamente mais complacentes não me fizeram crescer e aprender o tanto quanto gostaria. Entre um sorriso fácil mas distante, de um lado, e um olhar severo mas constante, de outro lado, prefiro esse nem sempre amigável contato, provocador de conflitos e incertezas, tão pouco esclarecedor...
Pois, é. O que é bonito no contato com outras pessoas é essa incerteza aberta e chance dada de reconhecer na distância do tempo, o que de fato se levou da vida. 

 
A super-proteção não leva a lugares tão proveitosos, nos faz acomodar de um jeito prejudicial demais. Viramos o objeto que se quer admirar e não a pessoa que precisa se acostumar com o mundo.


No cotidiano desse recomeço em Diadema, venho percebendo que preciso ser austero para provocar amadurecimentos mais rápidos. Preciso ser distante para impedir possíveis afrouxamentos. Preciso criar um ambiente bom para o aperfeiçoamento. O esporte exige um ambiente fechado, livre de interferências, voltado para a eficiência máxima. Suor e atenção, luta e persistência... Sobretudo saber lidar com o fracasso, com os erros, com as frustrações. Aí, se forja um talento. Ai, um espírito combativo, justo e ciente de suas habilidades tem a chance de aparecer.

Venho me acostumando a tentar me alegrar com os pequenos avanços. Tão pequenos que para todos os outros ainda não aparecem a olhos vistos. Um passe bem executado, uma movimentação inteligente, um gol tramado na percepção fina dos espaços criados... Um só... Um jogo todo e minha alegria se concentra nesse pequeno momento invisível frente a adversários superiores. Um olhar sobre os ombros para mim que confidencia no atleta uma satisfação fugaz e intensa que é tão difícil de se ter em qualquer outro momento. De repente, na velocidade de um relâmpago, fico feliz. Acumulo pequenos raios desses de felicidade. Guardo comigo sabendo que no próximo lance, no próximo segundo, a exigência sobre esse olhar terá mudado, terá aumentado, como prova silenciosa de que querer sempre mais não é tão ruim assim, se ao final, pudermos ir recolhendo esses tesouros esparsos, difíceis de encontrar.



Assim, caminhamos aprendendo a fazer nosso próprio caminho.

Sempre quis ter uma equipe estruturada e a chance de me dedicar plenamente a ela. Só que esse querer tem que sofrer o impacto de uma dura pancada para a cada dia, merecer se transformar em algo palpável. Talvez, sem o saber como, de forma tateante, errante, o ideal de uma formação, do esporte, de uma paixão, seja esse mesmo, construir caminhos. A solidez vai depender dos ingredientes que conseguirmos juntar aos sonhos. Temos os nossos... ingredientes, mas também sonhos.

Um comentário:

Felipe (Pinta9) disse...

Infelizmente nao posso estar em todos treinos, mas qdo estiver presente vou procurar trasmitir o máximo de informação para essa mulecada !